Questão climática: riscos e oportunidades para a agenda de negócios no Brasil
ENTREVISTADOS
EM POUCAS PALAVRAS...
O que você vai encontrar nesta entrevista?
- Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura, defende que a crise climática afeta diretamente as cadeias de produção — e os empresários sentem, cada vez mais, esse impacto para os negócios.
- Às vésperas da COP30, Angela acredita que o País deve levar ao encontro soluções para promover o desenvolvimento social e alavancar a economia a partir da agenda climática.
- A diretora de Sustentabilidade vê a conferência como uma oportunidade para avançar em debates que tratem da bioeconomia, da transição energética e do mercado de carbono.
Cada vez mais o impacto climático está afetando o mundo dos negócios. Por essa razão, a discussão acerca do tema deixa de ser “ideológica” e passa a entrar para a agenda das empresas no Brasil. É o que pensa Angela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura.
“Todos os empresários que têm o bom senso de olhar a crise climática como um risco podem se antecipar e prever medidas de mitigação e de resiliência da cadeia”, recomenda.
Às vésperas da 30ª Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP30), Angela acredita que o País deve apresentar ao mundo soluções para promover o desenvolvimento social e alavancar a economia a partir da agenda climática.
Em entrevista à Revista Problemas Brasileiros e ao Canal UM BRASIL — ambas realizações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, a executiva fala sobre as oportunidades que se abrem às empresas e à Nação na era da emergência climática.
As oportunidades da COP30
Anfitrião. O Brasil se prepara para receber, em novembro deste ano, líderes globais, cientistas, empresários, investidores, ativistas e delegações de diversos países para discutir soluções e compromissos para a crise climática. Pela primeira vez, uma COP será sediada no País, no coração da Amazônia, em Belém, capital do Pará). “O Brasil tem uma posição privilegiada, com uma matriz energética apropriada, e é um dos países mais ricos em biodiversidade”, completa.
Bioeconomia. “Como anfitrião, temos uma oportunidade única: trazer a bioeconomia à mesa”, afirma. A executiva cita o modelo baseado no uso dos recursos naturais para promover desenvolvimentos econômico e social. Hoje, as projeções indicam a geração de US$ 8,1 bilhões ao ano, até 2050, só na Amazônia, por meio da bioeconomia.
Mercado de carbono. “A regulação do mercado de carbono ajuda a monetizar as ações de sustentabilidade e viabiliza a transição para uma matriz de menor impacto”, defende a executiva. O projeto que regulamenta a compra e a venda de créditos de carbono por empresas foi aprovado no Congresso Nacional, às vésperas da COP30. Agora, entra em fase de implementação.
A agenda climática nos negócios
- Empresas. De acordo com Angela, as empresas que se anteciparem às exigências regulatórias do mercado de carbono sairão na frente. Ela cita oportunidades na exportação para mercados mais rígidos, como o da Europa. “A empresa conquistará consumidores mais atentos para a sustentabilidade. Para mim, esse é um ponto muito importante”, explica. “Portanto, é essencial garantir a qualidade e a integridade dos créditos de carbono que estamos ofertando no mercado.”
- Indústria. Até 2050, a bioeconomia pode gerar até US$ 284 bilhões por ano para a Indústria, segundo a Associação Brasileira de Bioinovação (Abbi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). É pela matriz energética diversificada e limpa e pela biodiversidade nacionais — mais de 20% das espécies do planeta habitam o País — que Angela vê, na COP30, uma chance de valorizar a imagem do Brasil e atrair a Indústria.
- Futuro. A diretora de Sustentabilidade da Natura ainda espera mudanças no setor produtivo após a COP30. “Temos a oportunidade de trazer outras indústrias que façam sentido para o País, dada a nossa matriz energética. Mas nós precisamos de uma estratégia muito bem desenhada e estabelecida pelo País. Para mim, essa é a expectativa”, completa.
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