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Protecionismo também é uma forma de corrupção

DEBATEDORES | Deirdre McCloskey

O que é ser um liberal? Como esses valores se traduzem no dia a dia da economia? Para a economista americana Deirdre McCloskey, o liberalismo é uma ideia muito simples. “É o programa que faz com que todos tenham permissão, que todos sejam livres, que ninguém seja escravizado, nem a esposa ao marido, nem o cidadão comum ao Estado. Há apenas dois séculos, ninguém achava que isso era uma boa ideia. Antes, havia hierarquias conservadoras. O liberalismo é contra essa hierarquia, essa classificação de pessoas, é a favor da igualdade”, defende, em entrevista ao canal UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.

Na conversa com a jornalista Thais Herédia, a economista avalia o pensamento liberal na economia e no comportamento dos indivíduos e afirma que é o liberalismo o responsável pela redução da pobreza e da desigualdade no mundo, tendo como perspectiva a história econômica mundial.

Para ela, o que sustenta esse modelo é a possibilidade de as pessoas trabalharem no que desejam e que sejam livres para criar e ter novas ideias de negócios, de modo que toda a sociedade se beneficia, sem que a mão do Estado e sua presença constante tome a decisão final sobre o que é melhor para todos e quais setores devem ser protegidos – algo que, em sua visão, é uma maneira clara de beneficiar alguns e prejudicar outros.

“Protecionismo também é uma forma de corrupção”, declara. “O que o protecionismo faz é subsidiar e proteger um grupo de pessoas das despesas de todo o resto. É o livre-comércio que faz os preços baixarem, faz com que as pessoas tenham acesso aos martelos chineses, a vinhos franceses, entre outros.” Para Deirdre, é essencial persuadir as pessoas a serem maduras o bastante para abrir mão da tutela do Estado. “O estatismo – como chamamos – é a teoria de que todos são crianças, e o ‘Estado-mamãe’ ou ‘papai’ deve cuidar deles”, comenta.

Liberalismo e crescimento econômico

Deirdre explica que o melhor programa de bem-estar social é o crescimento econômico. “A fórmula é permitir que as pessoas façam e tentem realizar coisas novas. Permitir que as pessoas trabalhem.” Ela toma como exemplo o salto econômico que a China teve ao longo das décadas, com um novo direcionamento produtivo, possibilitando aumento constante da renda.

“A China de Mao [década de 1950]: US$ 1 ou US$ 2 por dia [de rendimento do trabalho]. Hoje, a renda per capita deles é quase a mesma da brasileira – em torno de US$ 36 por dia”, ressalta. Ela compara esse avanço histórico entre o Brasil e a China ao lembrar que a renda brasileira era de US$ 1 ou US$ 2 por dia em 1800, transformando em valores atuais.

“O que enriquece são novas ideias, não apenas os investimentos. Índia e China, em vez de crescerem 2% ou 3%, crescem de 6% a 12% por ano. É disso que vocês [brasileiros] precisam, adotar o liberalismo, o que na Índia acontece desde 1991, e na China, ao menos na economia, desde 1978”, aponta. “Atualmente, é mais fácil abrir um negócio na China do que no Brasil”, conclui.

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