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Economia e Negócios

Protecionismo no mundo: contradições e oportunidades no comércio internacional

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Publicado em: 4 de outubro de 2024

ENTREVISTADOS

MEDIAÇÃO

MÔNICA SODRÉ

“Atuar no mercado interno é bom e mais fácil. Mas quem exporta nunca se arrepende”, defende Floriano Pesaro, diretor de Gestão Corporativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a ApexBrasil. 

Em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, Pesaro defende que as empresas brasileiras devem apostar mais nas exportações. 

A conversa com o diretor da Apex também abordou o cenário do comércio internacional e os entraves logísticos para a integração brasileira. Pesaro ainda refletiu sobre as contradições do avanço do protecionismo em um mundo cada vez mais integrado. 

Um mundo de oportunidades 

  • Novos incentivos. Em setembro, a Apex assinou convênios de R$ 537 milhões para incentivos à exportação no Brasil. Destes, R$ 175 milhões são destinados a pequenos exportadores, que são, hoje, 41% das empresas brasileiras do setor. No entanto, os valores comercializados não chegam a 1% do total movimentado no País, segundo dados do governo federal.
  • Melhores salários. Pesaro defende que as empresas brasileiras devem, cada vez mais, direcionar esforços ao comércio externo, uma vez que traz vantagens e oportunidades. Empresas que exportam chegam a ter um nível salarial três vezes maior, explica.
  • Aumento da competitividade. Com regras internacionais mais rígidas,  a qualidade da produção também cresce. “Fora a questão da competitividade. Você está competindo com outros produtos similares, de outros países. Se o seu não for melhor, por que as pessoas vão comprar?”, questiona o diretor da Apex.
  • Desenvolvimento. Pesaro ainda elenca outras oportunidades, como o pagamento em moeda forte como o dólar e a ampliação dos mercados. “É uma revolução. Todos os países que se voltaram para o mundo tiveram um desenvolvimento socioeconômico mais rápido”, conclui.

Cenário mundial 

  • De olho nos mercados asiáticos.  Nos próximos 20 anos, a Ásia deve crescer mais que a Europa e os Estados Unidos e será o maior comprador de produtos no mundo, afirma Pesaro. “O Vietnã deve crescer de 7% a 7,5% nos próximos anos. A Índia já cresce de 7% a 8% ao ano. São mercados consumidores enormes. E também investidores”, comenta.
  • Ascensão chinesa. “A China está se impondo como potência, e hoje já é a maior compradora do Brasil”, explica o diretor da Apex. Só em 2023, as trocas comerciais entre os dois países somaram mais de US$ 157 bilhões. Além disso, o superávit comercial do País com o gigante asiático foi de US$ 51,1 bilhões, informa a Agência Brasil.
  • Entraves logísticos. Ainda sobre o cenário mundial, Pesaro elenca desafios no escoamento de produtos brasileiros, como a falta de uma malha ferroviária maior e a concentração dos portos no Sudeste — distantes do Norte Global. “O Brasil se desenvolveu com todos os seus portos voltados lá para a Antártida”, comenta. “Queremos um porto internacional grande em Belém, Manaus, Macapá e São Luís. Essas cidades estão em frente aos Estados Unidos e à Europa.”
  • Oportunidades. Pesaro afirma que a COP30 — Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 —, que acontecerá em Belém do Pará, será uma ocasião para pôr em pauta a necessidade da construção de portos no Norte e no Nordeste. “A ideia do evento é mostrar as oportunidades de investimento também”, conclui.

Avanço do protecionismo

  • Carros elétricos. Desde o início do ano, China e Estados Unidos vivem um embate em torno da importação de carros elétricos chineses. Em setembro, os norte-americanos anunciaram uma taxação de 100% sobre os veículos e proibiram software e hardware chineses em carros conectados no país. Os asiáticos, mais uma vez, prometeram retaliação.
  • Tendências. A saga dos veículos não é isolada. Medidas comerciais restritivas e decisões unilaterais têm crescido cada vez mais, ameaçando a eficiência econômica, impactando os preços dos produtos e provocando tensões geopolíticas.
  • Contradições. Cada vez mais países tomam medidas para proteger indústrias domésticas estratégicas. “O mundo ficou mais global e mais fechado. Parece um contrassenso. Mas não é. Os países estão mais protecionistas, especialmente depois da pandemia”, comenta o diretor da Apex. 

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