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Economia e Negócios

Por carências educacionais, países da América Latina perdem em produtividade

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Publicado em: 17 de janeiro de 2025

ENTREVISTADOS

MEDIAÇÃO

Renato Galeno

EM POUCAS PALAVRAS...

William Maloney, economista-chefe para a região da América Latina e do Caribe do Banco Mundial, fala, ao Canal UM BRASIL, sobre os desafios e caminhos possíveis para a América Latina no próximo período.

  • O economista acredita que estamos vivendo um momento de reorganização das cadeias produtivas globais. Além disso, a região deve se atentar a oportunidades para estimular a produtividade e a abertura dos mercados.
  • O Brasil, que tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, pode sair na frente por causa deste atributo, avalia.

Os países da América Latina têm falhado em prover educação básica à população. Como resultado, as nações perdem em produtividade — o que impõe obstáculos ao desenvolvimento da região.  

É o que avalia William Maloney, economista-chefe para a região da América Latina e do Caribe do Banco Mundial, em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)

A conversa faz parte da série especial de debates promovida pelo Canal em Washington D.C.

Gargalos 

  • Produtividade. Segundo Maloney, enquanto as sociedades na América Latina não conseguem prover educação básica de qualidade, as chances de produzir mais e gerar mais riqueza seguem reduzidas. “Se apenas 30% da população têm uma educação decente, diminui-se o potencial de gerar empreendedores ou cientistas para um terço do que poderia ser”, exemplifica.
  • Reorganização. Além de gargalos internos, os países da região vivem entraves externos. Maloney acredita que estamos vivenciando o início de uma reorganização das cadeias produtivas mundiais. “Para os Estados Unidos, optar pela América Latina faria muito sentido: produzir um pouco mais perto, com uma matriz energética bastante limpa e mesmo fuso-horário. Faz sentido para parte das indústrias retornarem à região, mas ainda não estamos vendo isso acontecer”, explica.
  • Atratividade asiática. Nesse novo momento, os Estados Unidos veem outros países como mais atraentes quando se fala em produtividade. É o caso das nações asiáticas. “O custo da mão de obra no Vietnã, por exemplo, é mais barato. Lá, os profissionais têm um nível de educação mais alto. A infraestrutura, em geral, é melhor do que em boa parte da América Latina — onde os impostos são, em média, 9% mais altos do que na Ásia”, explica o economista. A junção desses fatores, aliados a problemas como o crescimento do crime organizado na região, faz com que a região deixe de ser uma “jogada tão óbvia”, nas palavras dele.

Acertos 

  • Avanços econômicos. Maloney avalia que a luta do Brasil e de outros países da América Latina contra a inflação foi uma das mais bem-sucedidas no mundo. “Parte disso se deve ao fato de que o Brasil, o Chile e o México aumentaram as taxas de juros rapidamente, logo que perceberam a inflação voltando. Como resultado, o processo inflacionário, hoje, na região, com exceção da Argentina, está abaixo dos níveis da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, explica.
  • Instituições. O economista também traz um olhar sobre os ministérios da Fazenda e dos bancos centrais. Ele avalia que houve uma profissionalização dessas instituições na região e um respeito maior pela constitucionalidade delas. “Apesar de mudanças de partidos políticos no poder — muitos deles bem críticos aos modelos anteriores —, ainda assim, houve respeito ao que foi construído ali”, opina. 

Oportunidades 

  • ‘Green shoring’. Em meio a dilemas, também surgem oportunidades. Para o economista, o Brasil deve aproveitar todo o potencial de uma matriz energética predominantemente limpa. Isso faz do País um território preferencial para o green shoring — ou seja, a realocação de processos produtivos onde seja possível produzir de forma sustentável. “Temos uma tremenda vantagem comparativa. Mas também precisamos trabalhar nos demais quesitos, que nos fazem custosos. Ademais, precisamos garantir a institucionalidade disso”, pontua.
  • Abertura para o mercado. Maloney ainda ressalta que, como temos economias muito fechadas — em vários sentidos, não apenas com tarifas, mas também com dificuldades na circulação de mercadorias —, o País e suas empresas perdem produtividade. Segundo o economista, o Brasil ainda  está mais próximo do “modelo mais fechado”. Há, então, uma oportunidade a ser explorada. “O Brasil tem muito talento, uma forte tradição industrial, ótimos profissionais e setores financeiros muito bons. Poderíamos estar mais presentes lá fora”, conclui. 

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