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Entrevista

Polarização transbordou para a convivência cotidiana

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Publicado em: 2 de outubro de 2023

ENTREVISTADOS

MEDIAÇÃO

André Martins
Humberto Dantas

Após um período eleitoral conturbado em 2022, o governo Lula conseguiu romper o otimismo inicial, mantendo a própria base e avançando para cima do eleitorado de Jair Bolsonaro. Para Felipe Nunes, sócio-fundador da Quaest Pesquisa e Consultoria, a escolha do presidente de focar na agenda econômica (em vez da identitária) e a sensação de queda nos preços dos alimentos são dois fatores que justificam isso.

Contudo, Nunes adverte, para além da pauta econômica, os temas de valores e costumes — que dividem a sociedade — transpassam as eleições e afetam a convivência social em sua amplitude de forma mais intensa do que no passado. “Se o Lula escolher o identitarismo, o costume, ele vai dividir as pessoas. Alguns elementos são insuportáveis para uma parte da sociedade”, frisa.

“Estamos vendo um fenômeno que chamo de calcificação política na sociedade brasileira. Temas ligados a valores e costumes dividem o povo em duas visões de mundo muito diferentes, as quais não se encerram mais nas eleições”, defende. “Começamos a ver empresas, famílias e escolas diante da função de lidar com um padrão de comportamento que não estavam acostumadas. Várias marcas já sofreram com isso.”

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Na gravação, Nunes também traça as transformações recentes pelas quais passaram os moldes da polarização brasileira: começou política, nos anos 1990, com a disputa clara entre dois partidos (PT e PSDB); em 2006, tornou-se social, com a diferenciação entre Nordeste e Sul, e ricos e pobres. E, mais recentemente, virou afetiva. “Em 2018, a polarização, que era política e social, virou afetiva, quando o ‘meu’ adversário passa a ser o meu inimigo, alguém que eu não tolero. Os níveis disso começaram a escalonar em 2018 e chegaram ao ápice em 2022. Temos visto uma afetividade muito negativa”, explica.

Base do governo no Congresso

Nunes ainda pondera que o fato de que o sistema político brasileiro permitir que lideranças políticas tenham mais liberdade em relação a seus partidos facilita a negociação intrapartidária pelo governo. “O PP e o Republicanos não entraram para o governo, mas há um ‘pedaço’ nordestino desses partidos que entrou. No fundo, é a pauta econômica que está em foco total, e isso permite que o governo consiga atrair uma parte dos deputados, que tem base na direita, para votar esse tema.”

A entrevista ao Canal UM Brasil — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, integra a série Brasil com S, em parceria com revista  Exame.

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