Escola pública brasileira ainda é excludente
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O processo de avaliação usado de forma punitiva e excludente nas escolas brasileiras poderia ser mais bem explorado em benefício do aluno. Essa quantificação de conhecimento reflete na aprendizagem dos estudantes, segundo análise feita por especialistas no debate promovido pelo UM BRASIL em parceria com a Livraria Cultura e a revista Problemas Brasileiros.
“Quando olhamos a avaliação como medição de conhecimento em vez de um processo de reflexão, começamos a promover a exclusão e a repetência, por entender que a progressão escolar está atrelada a uma verificação de quantidade de conhecimento”, afirma o diretor do Departamento de Desenvolvimento Curricular e de Gestão da Educação Básica da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, professor Herbert Gomes da Silva.
A declaração foi feita a Sabine Righetti, no encontro que também contou com as participações da CEO do Ensina Brasil, braço brasileiro do programa norte-americano Teach for All, Erica Butow, e do autor do livro País mal educado, Daniel Barros.
Na visão dos debatedores, o sistema educacional deixou o modelo de exclusão aplicado nos primeiros anos do ensino como a prova de acesso ao ginásio (atual ensino fundamental II) e passou por mudanças, principalmente na década de 1990, com a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que universalizou a educação.
Hoje em dia, a evasão ocorre no percurso da escola. Hoje, os alunos se afastam das escolas ao se depararem com um ambiente que não leva em consideração suas dificuldades e necessidades, como questões de amadurecimento, passagem da adolescência, e sociais. “É o caso de muitos alunos rotulados como preguiçosos”, afirma Erica. Ela dá como exemplo um aluno da rede pública que dormia nas aulas e, ao investigar, descobriu-se que ele não conseguia ficar acordado porque trabalhava de madrugada.
Erica destaca que o desafio da escola contemporânea é entender o contexto e as necessidades de cada aluno, e conseguir combinar isso com o papel principal de aprendizado. “O aluno deve ver sentido no que ele esta aprendendo. Esse é um dos principais motivos da evasão escolar”, afirma.
Barros diz que outro aspecto importante para o progresso da educação está em trabalhar as competências socioemocionais. “A discussão sobre essas habilidades precisam fazer parte do dia a dia nas escolas. Não deveria ter uma disciplina específica. Um professor pode ensinar persistência e resiliência em uma aula de Matemática”, conclui.
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