“É necessário respeitar a legislação existente”, diz ministro
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO

O excesso de judicialização no Brasil cresce cada vez mais, inclusive no campo político. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, diz que o brasileiro acredita apenas na solução jurisdicional, o que gera grande volume de processos e lentidão nas resoluções. “É preciso conversar, transigir e formalizar um acordo por meio de outros caminhos, como a arbitragem, por exemplo”, afirma.
Para o ministro, as inúmeras emendas constitucionais brasileiras existem porque passam a falsa impressão de dias melhores. “Sempre que se cria uma nova lei, gera-se uma esperança na população. Contudo, elas também provocam conflitos na interpretação dessas mesmas emendas. Nossa Constituição é, na verdade, um periódico. É necessário que se respeite a legislação existente”, acredita. Sobre as atuais crises econômica e política que acometem o Brasil, Mello enaltece a inversão de valores.
“Vivemos um momento de abandono de princípios, perda de parâmetros e esgarçamento das instituições. O País está praticamente parado porque a chefia do Poder Executivo não consegue implementar medidas que combatam o problema. Enquanto houver esse impasse, a crise financeira será aprofundada.” A falta de consciência no voto é outro agravante destacado por Mello. “A sociedade não é vítima, mas autora dos maus políticos que temos. São as decisões tomadas pelos eleitos que impactarão a vida de todos.”
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Brasil encontra dificuldade para gerar receita acima dos gastos
Para Silvia Matos, do ‘Boletim Macro IBRE’, País está no negativo há mais de dez anos
ver em detalhes
Brasil e mundo vivem uma nova era geopolítica e tecnológica
De acordo com o cientista político Carlos Melo, a reorganização das forças globais deu origem a uma nova era “pós-Ocidente”
ver em detalhes
Na reforma do Estado brasileiro, foco deve estar no cidadão e no controle de gastos
Segundo Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper, e Felipe Salto, sócio da Warren Investimentos, é preciso superar o modelo federativo, que se esgotou
ver em detalhes