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Ciência e Saúde

Desenvolvimento tecnológico prolifera quando universidades se aproximam do setor privado

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Publicado em: 11 de março de 2022

ENTREVISTADOS

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Sabine Righetti

Para que aplicações tecnológicas capazes de melhorar a vida em sociedade sejam desenvolvidas, é importante que as universidades atuem de forma mais próxima ao setor privado. Até porque, de acordo com Misael de Morais, professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e coordenador do Núcleo de Tecnologia Estratégica em Saúde (Nutes), projetos acadêmicos na área tecnológica encontram sua razão de existir quando se debruçam sobre necessidades reais da população.

Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, Morais aponta que, em razão do orçamento limitado para pesquisa e dos entraves burocráticos presentes no setor público, as universidades precisam se conectar ao setor produtivo. Além disso, critica projetos que interessam somente aos autores.

“Costumo sempre dizer que seria um luxo fazer algo que ninguém estivesse precisando, só pelo prazer de fazer, como se fosse uma poesia. Mas, na área da Tecnologia, isso não é possível. Tem muito recurso investido, e temos de focar nas necessidades da sociedade”, pontua. “Sem isso, não há motivação para fazer um projeto”, complementa.

Morais, também mestre em Engenharia Elétrica e doutor em Processamento da Informação, relata que, em uma conversa com um professor na Alemanha, há cerca de 40 anos, comentou que, no Brasil, não é incomum ver doutorandos na área de Tecnologia se dedicando a projetos para os quais não há interessados.

“Ele [o professor] olhou para mim e disse: ‘Não acredito. Então, as universidades de vocês devem ter muitos recursos para se dar ao luxo de fazer algo que ninguém está interessado, só o próprio aluno’”, conta o pesquisador.

Para evitar este tipo de pesquisa, o Nutes se dedica a conectar a “universidade com o setor produtivo e as necessidades da sociedade”. Além disso, Morais diz que as soluções tecnológicas desenvolvidas pelo núcleo são realizadas em parceria com empresas.

O pesquisador também destaca que, apesar de legislações obrigarem a destinação de recursos para a área tecnológica no Nordeste do País, “não é fácil” trabalhar com ciência na região.

“Não muito pela cultura da falta de recursos, mas dos nossos gerentes locais e prefeitos, que, às vezes, não entendem e atrapalham muito. Tem muita dificuldade política no desenvolvimento de tecnologia e inovação e na busca de se desenvolver algo de forma discricionária”, declara Morais. “Às vezes, os nossos gestores atrapalham muito, e dependemos deste ecossistema todo interligado para poder trabalhar”, lamenta.

Ademais, o professor da UEPB argumenta que o desenvolvimento tecnológico brasileiro em ambiente acadêmico deve se dedicar a solucionar problemas locais, uma vez que, como comparação, há universidades norte-americanas cujos recursos superam o orçamento total do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

“A distância é muito longa, e vencer esta barreira é muito difícil. É preciso buscar, de fato, as necessidades regionais, tentar resolver mais as questões locais do que as internacionais”, opina.

Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL!

Crédito da foto: Leonardo Alves/Nutes/UEPB

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