Brasil precisa construir pontes, e não escolher lados
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O que você vai encontrar nesta entrevista?
- O economista Marcos Troyjo afirma que o acordo comercial tem potencial de ser transformador para a economia brasileira. E adverte que País não deve escolher lados, mas construir pontes.
- Troyjo ainda observa que as novas tendências globais em termos sociais, ambientais e econômicas têm caminhado juntas com as potencialidades brasileiras.
- O economista também cita outras qualidades que deixam o Brasil em posição geopolítica privilegiada, como um mercado consumidor que gosta de inovação — e que absorve inovações, como o caso do PIX — e a alta reserva de minerais críticos.
Após 25 anos de idas e vindas, há um ano, Mercosul e União Europeia (UE) caminham para chegar a um entendimento final sobre o acordo comercial que deve ser firmado entre os blocos nos próximos dias. As negociações chegaram, na última quinta-feira (18) em seu momento mais importante e delicado.
Os governos dos países da UE estão reunidos no Conselho Europeu para deliberar acerca da aprovação do texto — que tem como objetivo reduzir ou eliminar tarifas de importação e exportação entre os dois blocos. Se houver aval dos líderes, a assinatura do texto final está prevista para sábado (20), em Foz do Iguaçu, na cúpula de chefes de Estado do Mercosul.
Em entrevista ao Canal UM BRASIL — uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, o economista Marcos Troyjo afirma que o acordo comercial tem potencial de ser transformador para a economia brasileira.
Acordo UE e Mercosul
- Potencial. “No seu conjunto, a UE é maior do que a economia da China. E com um terço da população chinesa. A UE é muito importante”, explica Troyjo, que também é diplomata e consultor global do European Investment Bank.
- Outras oportunidades. Contudo, na opinião do economista, não é hora de o Brasil escolher lados, mas costurar alianças diversas. “Há, hoje, um verdadeiro renascimento do Oriente Médio. Aquilo que está acontecendo, pela força econômica dos Emirados Árabes, do Qatar, da Arábia Saudita, é muito transformador e muito importante para nós”, observa.
- Construir pontes. “A depender do tema, vamos construindo, pragmaticamente e iluminados pelo nosso interesse nacional, pontes com cada uma das partes do mundo”, conclui Troyjo.
Brasil precisa fazer um acordo consigo mesmo
- Riscos internos. Mesmo frente a um cenário internacional conturbado em termos geopolíticos, o Brasil vive um momento de grandes oportunidades nas relações internacionais. Nossos maiores riscos são, na verdade, internos, acredita Troyjo.
- Próximo acordo. “A gente fez um acordo com a UE. E, agora, qual vai ser o próximo? Será com os Estados Unidos? Será com o Japão, com os países da Asean [Associação das Nações do Sudeste Asiático, bloco político-econômico formado por 11 países da região]? Qual será o nosso próximo grande acordo?” Respondendo a essa questão, o economista acredita que o “grande acordo” que o Brasil precisa ter agora é consigo mesmo. “Quer dizer, o Brasil precisa se preparar para essa nova fase intensiva em geopolítica”, completa.
Oportunidades para o País no jogo geopolítico
- Brasil em destaque. Troyjo ainda observa que as novas tendências globais em termos sociais, ambientais e econômicas têm caminhado juntas com as potencialidades brasileiras. “É um mundo que precisa de diversificação energética. O Brasil diz ‘sim’ a esse tabuleiro. Um mundo onde a economia circular e as questões de sustentabilidade não desapareceram. O Brasil está presente nesse jogo”, explica.
- Inovação e minérios. O economista também cita outras qualidades que deixam o Brasil em posição geopolítica privilegiada, como um mercado consumidor que gosta de inovação — e que absorve inovações, como o caso do PIX — e a alta reserva de minerais críticos. “O País aparece em segundo lugar. E com um conjunto comprovado desses minerais tão grande que, na segunda posição, ele tem mais do que a soma dos outros cinco países que o seguem”, lembra.
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