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Economia e Negócios

Brasil é uma social-democracia europeia presa em uma economia emergente

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Publicado em: 11 de outubro de 2018

A sociedade brasileira está doente, e essa enfermidade se manifesta na incapacidade de organização para resolver o principal problema da economia na atualidade – o déficit fiscal –, uma vez que nenhum grupo aceita perder sua parte no orçamento do País. Essa é a opinião do doutor em Economia pela Universidade da Califórnia e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman.

Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o InfoMoney, o economista diz que há três formas de as sociedades colapsarem: quando não se entende o problema que precisa ser resolvido; quando se entende o problema, mas não há condições de resolvê-lo; e quando se sabe qual é a solução, porém, a sociedade não se organiza para praticá-la.

“A terceira hipótese é a pior. Você pode entender o problema, saber qual é a solução, mas, em alguns casos, a sociedade não consegue se organizar para levar essa solução adiante. Eu temo que esse seja o caso do Brasil”, aponta Schwartsman, sobre a incapacidade nacional diante do déficit das contas públicas.

De acordo com ele, o problema fiscal não recebe a atenção que merece em função de um conflito distributivo sobre o orçamento brasileiro, no qual nenhum grupo está disposto a perder o seu quinhão do gasto público.

“A sociedade brasileira está doente, e não é de hoje, mas, agora, chegou ao ponto em que a gente não consegue mais chutar a lata da nossa doença. Lá atrás trouxemos a carga tributária de 27% para 32% do PIB [produto interno bruto], mas não está dando mais, estamos gastando quase 50% do PIB. Estamos gastando como uma social-democracia europeia”, ressalta o economista.

“O Brasil é um país ‘transgênero’. Somos uma social-democracia europeia presa no corpo de uma economia emergente. A gente não consegue alterar a distribuição de renda de forma alguma. Metade do gasto social vai para os 20% mais ricos, e a sociedade não consegue resolver esse problema”, complementa.

Em entrevista gravada três dias antes do primeiro turno das eleições de 2018, Schwartsman salienta que a crise fiscal é como uma doença crônica. Portanto, não há uma dor repentina que faça a sociedade buscar o ajuste. No entanto, se não for resolvida, a consequência será uma inflação persistentemente mais alta no futuro.

“Acostumamos a ver que, de alguma forma, a inflação acomoda esse conflito distributivo pelo orçamento. Você terá inflação mais alta, e o País pode se conformar com isso ou não. Já vivemos tantos anos com inflação alta, viver alguns anos com 20%, 30% ou 40% dá para levar. Talvez não caia nunca a ficha e seremos isso aqui mesmo”, pondera.

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