A história nem sempre é de evolução
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO

O passado tem relevância para a sociedade, mas, apesar dessa importância, Lilia Schwarcz, historiadora e antropóloga, afirma em entrevista inédita ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, que não somos necessariamente um resultado indiscutível desses acontecimentos.
“O nosso passado não condiciona o presente, mas é um lembrete e nos ajuda a refletir. Se pensarmos na questão racial, por exemplo, é difícil acharmos que um país que teve uma experiência moderna e colonial muito pautada na mão de obra escravizada [como o Brasil], não fosse se tornar um país violento e marcado pela discriminação”, diz ela.
Apesar desse legado, a também escritora enfatiza que esta história tem se repetido. “Na contemporaneidade, temos reescrito essa história e praticado um racismo que é estrutural e institucional, perverso, que pretende naturalizar as diferenças. Perverso também porque as pessoas negras morrem duas vezes no Brasil: a primeira, fisicamente; a segunda, na memória”, pontua Lilia.
Na comparação entre passado e presente, ela ainda relembra ao jornalista Renato Galeno as diferenças na condução das ações para erradicar a gripe espanhola, também chamada de gripe da bailarina, doença que assim como covid-19 carece de respostas para combatê-la.
“A história também não é evolução. Se pegarmos essa história em particular, podemos dizer que involuímos porque somos menos solidários. Em 1918, nenhum dirigente político deixou de seguir as recomendações dos cientistas, médicos e sanitaristas da época. Já em 2020 e 2021, temos um governo negacionista”, critica.
Na conversa, Lilia fala também sobre racismo, no qual destaca: “Não teremos uma democracia enquanto formos tão racistas”, e comenta ainda sobre a desigualdade social e econômica, e chama a atenção para a desigualdade educacional.
“A desigualdade que se afirma no Brasil é basicamente pela questão de renda. Então, o Brasil não é um país pobre, mas de pobres, e sabemos que depois da pandemia sairemos mais pobres e ainda mais desiguais. Os alunos brasileiros em escolas privadas começam a voltar às aulas presenciais em um esquema híbrido, mas, antes disso, tinham acesso aos professores para perguntar e tirar as dúvidas sobre as matérias, assim como tinham material escolar, laptop e internet em casa, dado que não é realidade na escola pública.”
Assista na íntegra! Inscreva-se no canal UM BRASIL.
Crédito da foto: Renato Parada
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

A crise climática virou um problema da comunicação
Em evento realizado na Casa Balaio, em Belém, especialistas falam sobre como usar narrativas de impacto para engajar a sociedade
ver em detalhes
Estratégias empresariais para um futuro sustentável no Brasil
Em evento realizado na Casa Balaio, em Belém, especialistas debatem soluções para os grandes desafios climáticos do País
ver em detalhes
O problema do Brasil é que a produtividade não acompanha o crescimento
Economista-chefe da Galápagos Capital, Tatiana Pinheiro, discute o impasse fiscal e as origens da inflação no País
ver em detalhes