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Economia e Negócios

out 11, 2018

“Temos de nos preparar para anos difíceis”, alerta Zeina Latif

Por Priscila Trindade

O resultado do primeiro turno das eleições brasileiras, no último domingo, intensificou o debate sobre as agendas políticas e econômicas dos dois candidatos escolhidos para concorrer à Presidência da República. No evento “Perspectivas do mercado brasileiro frente aos cenários presidenciais do 2º turno – eleições 2018”, realizado nesta quarta-feira (10), a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, mostrou desalento com o futuro nacional independentemente do presidente eleito.

“Temos de nos preparar para anos difíceis, pois nos dois casos [Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT] é um cenário medíocre. Teremos algumas reformas insuficientes para dar conta da atual crise fiscal. Além disso, a agenda para aumentar a produtividade do País está atrasada”, alerta.

A previsão da especialista é de que o Brasil cresça pouco e continue sujeito a períodos de instabilidade, como aconteceu durante a greve dos caminhoneiros, que gerou desabastecimento a partir da paralisação em maio de 2018. “Por um lado, temos um candidato [Bolsonaro] sem experiências administrativa e política que não tem um programa claro, e, do outro, a descrença da agenda petista [com o Haddad], que encontraria dificuldades para montar um time econômico”, afirma Zeina.

A economista da XP Investimentos identificou falhas nas campanhas eleitorais e disse que temas relevantes da economia não foram tratados com a seriedade necessária. “Essa campanha mostra que não aprendemos o que deveríamos ter aprendido. A ideia de que ‘basta apenas combater a corrupção e nossos problemas serão resolvidos’ mostra que o País não amadureceu.”

A superficialidade dos assuntos tratados nas campanhas também foi analisada pelo copresidente do Conselho de Economia, Sociologia e Política (Cesp) da FecomercioSP, Antonio Lanzana. “Os planos econômicos dos dois candidatos são superficiais e genéricos. Essa falta de programas detalhados pode resultar em um governo de crise permanente”, destaca.

Outro ponto observado por Lanzana nessas eleições é a renovação do Congresso, que, segundo ele, foi maior do que o esperado. Ele acredita que esse cenário pode favorecer a realização das reformas necessárias para o País voltar a crescer economicamente.

“O programa do PT é tudo o que o mercado não quer, com aumento do tamanho do Estado, sem previsão de ajuste fiscal, tributação sobre grandes fortunas e outras medidas discutíveis, e o programa do PSL defende a privatização de forma exagerada e não tem nada detalhado, mas com uma tendência mais liberal. A reação do mercado vai depender das pesquisas de intenção de voto nos próximos dias, e esperamos que os presidenciáveis comecem a aprofundar suas reformas.”

Também copresidente do Cesp da FecomercioSP, Paulo Delgado espera uma recomposição na Câmara dos Deputados em consequência da cláusula de barreira, que impede os partidos que tenham recebido menos de 1,5% dos votos válidos nas eleições de 2018 para a Câmara dos Deputados de terem acesso restrito aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de rádio e televisão a partir de 2019. “Acredito que 14 dos 30 partidos com registro no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] devem cair na cláusula de barreira [e ficar sem verba do fundo partidário nem tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV]”, conclui Delgado.

O encontro foi promovido pelo UM BRASIL, Conselho de Economia, Sociologia e Política da FecomercioSP e InfoMoney e contou ainda com a participação do professor de pós-graduação da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro (FGV/RJ) Samuel Pessôa; do responsável pelo blog Terraço Econômico, Leonardo Siqueira; do gestor da Alaska Asset, Henrique Bredda; e do editor-chefe do InfoMoney, Thiago Salomão.

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