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Sociedade

nov 07, 2018

Grupos privilegiados precisam enxergar o racismo como realidade e fazer parte da mudança

A falta de representatividade negra na mídia, em cargos de liderança e na esfera política é reflexo do racismo e da desigualdade de oportunidades. Entrevistados pelo UM BRASIL analisaram o tema e contaram suas experiências de vida.

Em uma das conversas, a ex-consulesa da França e mestre em Gestão de Mídia pela Sciences Po, Alexandra Loras, diz considerar o Brasil “o país mais racista do mundo”. Ela, que já visitou 50 países e viveu em oito, afirma que o racismo no Brasil é mais forte do que em outras nações porque, aqui, o negro faz parte de uma maioria tratada como minoria.

“Entrar em uma loja de brinquedos e ver que há só duas bonecas negras no meio de milhares de brinquedos é um racismo frontal, agressivo e institucional. O branco de hoje não é responsável pelo que aconteceu durante a escravidão, mas somos todos responsáveis para reequilibrar o que vamos contar para nossas crianças hoje e amanhã”, completa.

Para a escritora e militante LGBT Amara Moira, esse tipo de situação se perpetua porque falta empatia. “O lugar de onde você olha para a sociedade impede que veja algumas das questões e urgências que outros grupos colocariam como necessárias”, explica.

Já para a filósofa e ativista do feminismo negro Djamila Ribeiro, falta consciência para compreender que é responsabilidade também dos grupos privilegiados causar mudanças e não apenas esperar que os grupos oprimidos debatam sobre determinados temas. “Os cidadãos precisam se incomodar e entender o que significa o privilégio que vem sistematicamente sendo produzido à custa da opressão de outros grupos.”

O fundador e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, critica o posicionamento da sociedade em relação ao tema e ressalta que a maioria das pessoas prefere negar a existência do problema ou afirmar que, se ele existe, é tão fragmentado que não produz malefício nenhum. “O movimento negro de hoje é um movimento de heróis, de guerreiros, sobreviventes que lutam uma luta justa, mas que, na maioria das vezes, é uma luta solitária contra tudo e contra todos”, afirma.

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