País clama por ética para o bem da coletividade
O Brasil tem visto, desde as manifestações de 2013, um acirramento do debate público, no qual a sociedade, ainda que dividida, se mostra mais vigilante às decisões tomadas no ambiente político – mesmo que muitas vezes a cobrança seja feita de maneira seletiva. De qualquer forma, um tema que emergiu nos últimos anos, sobretudo em função do combate contra a corrupção, foi a busca pela conduta exemplar, a retidão e a honestidade. O País clama por ética.
De acordo com o psicanalista e coordenador do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise (Latesfip), da Universidade de São Paulo (USP), Christian Dunker, é natural que o interesse pelo tema cresça em momentos de “turbulência”. “Ética é, hoje, um tema que aparece sempre quando algo vai mal, sempre quando está em falta, em déficit. Temos pouca discussão sobre eticidade fora de seu estado de crise”, reflete.
Dunker defende que o País crie dispositivos de reconhecimento de boas práticas para que as “instituições passem por um processo de etificação”. Segundo ele, recursos desse tipo serviriam para rebater a ideia de que o País só pode ser salvo por alguém puro.
“A gente tem uma tentação de imaginar que quem vai nos salvar é aquele que está puro de interesses”, afirma Dunker. “Todo interesse vai se amigar com outro, vai levar ao pior, levar à corrupção, à degradação do indivíduo, o que gera um estado impraticável de debate público, porque este é sobre interesses”, complementa.
O cientista político e professor visitante da Universidade Columbia, em Nova York, Leonardo Petronilha, comenta que, enquanto a moral tem sentidos coercitivo e coletivo, a ética é subjetiva. Contudo, ressalta que “a ética deve ser norteada para o bem”.
Nesse sentido, ele comenta sobre a famosa frase de Aristóteles “Se você quer conhecer um homem, dê poder a ele”: “Não se trata necessariamente de dar poder. É para saber o que esse homem ou mulher com esse poder vai fazer pelo público, quais serão as suas decisões públicas. Então, obviamente, a ética é subjetiva e fundamentalmente importante na vida pública”.
Petronilha também avalia que, além de ética, a sociedade brasileira precisa de tolerância. “Se a gente for parar para pensar, nós precisamos de mais tolerância. Ou seja, não é porque você pensa diferente de mim que eu vou lhe odiar. O certo é eu lhe respeitar e abrir um espaço de diálogo para que você possa construir algo. E a tolerância está no centro disso”, explica.
Para o professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento, Fernando Schüler, o “País dormiu em berço esplêndido” ao não fazer ajustes importantes em períodos econômicos favoráveis, e essa “falta de agenda”, hoje, emerge na forma das insatisfações e dissidências sociais.
“O balanço da nossa democracia, de uma maneira geral, é positivo, mas o Brasil precisa, neste momento, passar a limpo as suas instituições, fazer uma correção ética importante. É preciso que as instituições sejam afirmadas, que funcionem com independência”, aponta, citando Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário como bons exemplos.
Segundo Schüler, prezar pela ética é requisito para manutenção do regime democrático. “O que me parece mais importante é que a nossa democracia sobreviva a essa turbulência. É isso que tem de estar na cabeça de todo brasileiro: não vamos ceder a tentações bolivarianas, de colonização de um poder sobre o outro, a nenhum tipo de tentação golpista de nenhum lado. Que as nossas instituições consigam atravessar esse momento tenso, de profundo conflito político que o País vive.”
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