Corrupção emerge em sociedades que incentivam a desonestidade
O esforço de uma sociedade contra a corrupção não deve se limitar a investigar e punir os cidadãos comprovadamente corruptos. Para reduzir os desvios de recursos públicos e o corrompimento de autoridades, é preciso entender os incentivos que propiciam a prática de atos antiéticos e, em seguida, promover um sistema que torne a corrupção menos convidativa.
Segundo o PhD em Ciência Política e professor-assistente da Escola de Relações Internacionais da Universidade Columbia, Paul Lagunes, a corrupção depende muito mais do ambiente do que do cidadão, de modo que uma pessoa com inclinações para desvios e propinas se sentiria constrangida de praticar tais atos em uma sociedade avessa à corrupção.
“Vamos supor uma mesma pessoa em um país escandinavo e no Brasil ou no México. Quando está em sociedades diferentes, as regras mudam. Dessa forma, o comportamento muda”, comenta Lagunes, que é mexicano. “Sei que no México, para conseguir um contrato com o governo, se eu for totalmente honesto, será mais difícil obter esse contrato. Mas em um país escandinavo, se eu tentar pedir propina, estarei em desvantagem, pois vou me destacar como uma das poucas pessoas que tentam conseguir o contrato de forma corrupta”, complementa.
Não à toa, Lagunes aponta que sociedades cujos políticos são alvos constantes de escândalos de corrupção têm menos confiança em seus representantes. “Várias pesquisas mostram que a corrupção diminui a percepção de autenticidade. Um governo que se mostra corrupto perde a confiança do povo. Assim, será mais difícil para esse governo liderar o povo”, afirma.
De acordo com o cientista político e presidente do King’s Brazil Institute, Anthony Pereira, é importante substituir o sistema que estimula a corrupção por um que dê incentivos para prevenir atos desse tipo.
“Não é suficiente condenar ética e moralmente o corrupto. Um passo importante é uma reforma nos sistemas partidário e eleitoral, para incentivar campanhas mais honestas”, salienta.
Além disso, Pereira manifesta que a população precisa fazer a sua parte na construção de uma sociedade menos corrupta, o que envolve “condenar” políticos desonestos nas urnas e não se eximir da responsabilidade eleitoral.
“Se o povo fica passivo e não reage nas urnas, discriminando o político corrupto, as práticas podem se repetir”, alerta. “Atualmente, as pessoas votam em alguém e, uma semana depois, esquecem em quem, mas logo começam a criticar os políticos, dizendo que são sempre os mesmos. O cidadão responsável vota e cobra depois”, ressalta.
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