País que não cuida de si não se torna líder global
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Se o Brasil almeja ser um líder global – seja entre as nações emergentes, na sua região ou no Hemisfério Sul –, precisa resolver os problemas internos e tomar decisões difíceis, posicionando-se na comunidade internacional, porque não há poder sem custos. Este é o caminho, de acordo com a diretora de Análise da consultoria norte-americana Geopolitical Futures, Allison Fedirka, para o Brasil deixar de ser o “país em desenvolvimento que não se desenvolve”.
Em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP, como parte da série Brasil Visto de Fora, Allison afirma que o País, apesar das seguidas crises econômicas e políticas que atravessa desde a década passada, ainda detém fundamentos que podem alçá-lo a posições mais distintas no jogo político internacional.
“Um país precisa construir sobre esta base, cultivar esse poder e resolver problemas domésticos, porque não se projeta poder sem conseguir cuidar do próprio país. Há sempre uma pequena faxina que deve ser feita antes que um país consiga se projetar para fora. Deve-se lembrar disso no caso do Brasil”, ressalta.
“A estrutura em termos de recursos naturais, população, demografia razoavelmente favorável, larga base de consumo com baixa dependência de exportação… Tudo isso é favorável para o Brasil em termos do seu potencial de ser um ator relevante no mundo”, complementa.
Tendo vivido sete anos na América do Sul, Allison, norte-americana, compara os desafios políticos de Brasília com os vistos em Washington, em razão da diversidade territorial presente no Brasil e nos Estados Unidos. Ela também diz que “a crise política que o Brasil está passando agora” é uma continuação das turbulências sentidas a partir de 2013.
“A raiz disso é a diversidade [social] do Brasil. Há duas regiões economicamente muito diferentes, se comparar o Nordeste com o Sul. Há um enorme e constante desafio de como equilibrar as decisões econômicas e políticas necessárias para criar um bom nível de vida para as pessoas de uma região, e cuidar das necessidades de outra. Elas têm necessidades fundamentalmente distintas”, pontua.
No contexto internacional, a especialista em questões ligadas à América Latina diz que permanecer no meio das disputas comercial e tecnológica entre Estados Unidos e China é “o maior desafio que o Brasil já teve”, ressaltando o dilema entre escolher ou não um lado.
“O Brasil quer entrar nas grandes ligas? Ele tem de assumir a responsabilidade e perceber que, talvez, não poderá ser amigo e ser tudo para todos o tempo todo”, avalia Allison.
“Brasil Visto de Fora”
Esta entrevista faz parte de uma série realizada pelo UM BRASIL em parceira com a revista Problemas Brasileiros (PB), editada pela FecomercioSP. A série, comandada pelo jornalista Daniel Buarque, vai ganhar novos episódios até o fim de 2021, com entrevistas em vídeo aqui no Canal UM BRASIL e em áudio, no podcast da PB. Também tem o apoio cultural da revista piauí.
Assista na íntegra! Inscreva-se no canal UM BRASIL.
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