Descontentamento com a política alimenta motivações extremistas
A polarização de opiniões políticas não é uma marca restrita à atual democracia brasileira. O sistema democrático enfrenta, em todo o mundo, questionamentos a respeito de inclusão, espaço e ascensão de novas lideranças. Esses são anseios que o regime deve procurar atender, posto que o descontentamento com a política pode tanto desestimular a participação como também alimentar motivações extremistas.
Nesse contexto, os partidos, sem os quais não há sistema democrático, são alvos da frustração dos cidadãos com a política. “Isso não é um problema exclusivo do Brasil. As democracias ao redor do mundo enfrentam, hoje, a questão de como dar aos cidadãos uma participação significativa. Em muitas democracias o que vemos é uma revolta contra as elites e os partidos políticos estabelecidos baseada no sentido de que eles falharam em realmente oferecer alternativas significativas na política”, explica o filósofo e professor da Universidade Harvard, Michael Sandel.
De acordo com ele, a divergência faz parte da política, contudo, para que eventuais impasses não levem à adoção de soluções extremistas, o caminho é abrir espaço para que “os cidadãos tenham a oportunidade de expor seus argumentos e defender suas visões sobre o que deve ser feito em suas comunidades.”
“É importante olhar o mundo para observar os erros de algumas sociedades democráticas na direção de soluções extremistas, nascidas de raiva e do ressentimento, e tentar resistir a isso, tentar criar um tipo de debate forte o suficiente entre os cidadãos para que o Brasil não seja vítima de soluções extremistas que vemos surgir em algumas outras sociedades democráticas ao redor do mundo”, salienta.
Para o cientista político e fundador do Journal of Democracy, da National Endowment for Democracy, Larry Diamond, o aborrecimento com a política aumenta a disposição de se considerarem alternativas autoritárias. No entanto, a maioria dos cidadãos, de modo geral nos países democráticos, não mostra preferência por regimes autocráticos. O que se deseja, segundo ele, é mais participação.
“É saudável, com o tempo, promover a renovação e a circulação de elites para o rejuvenescimento do sistema partidário. Acho que uma democracia pode ser mais saudável quando encoraja o cultivo e a promoção de novas lideranças e ideias”, avalia Diamond.
Para que os jovens abracem a democracia e, assim, sejam demovidos de ideias radicais, Diamond ressalta a necessidade de fomentar a cultura do diálogo.
“Estaremos em grandes apuros se não cultivarmos e afirmarmos para as novas gerações a necessidade de respeito mútuo, civilidade, comprometimento, certa abertura de pensamento, disposição para ouvir o outro e considerar pontos de vista alternativos. Isso é tão essencial à democracia liberal quanto o impulso individual de participar, se manifestar e impor seus interesses e valores”, assegura.
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