“O imigrante dinamiza a economia”, diz diretor do Lemann Institute for Brazilian Studies
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O diretor do Lemann Institute for Brazilian Studies da Universidade de Illinois, Jerry Dávila, afirma que há uma percepção de que o imigrante tira o emprego da população nativa de um país. Entretanto, o que acontece é o contrário, pois a chegada de pessoas novas e de outras culturas é um fator aditivo.
Durante entrevista realizada pelo UM BRASIL, o historiador analisa a política de cotas raciais e diz que a América Latina vive o momento mais democrático da história. Jerry aponta que a migração é um processo que acompanha a trajetória humana. Com uma população que envelhece gradativamente, o advento de novos imigrantes cria um “boom” demográfico que alimenta a economia e fortalece instituições.
“Para qualquer país, a migração é um bem concreto, aumenta a mão de obra e as capacidades de trabalho, de interpretação e colaboração”, explica. Atualmente, o que se vê é uma preocupação em relação às pessoas recém-chegadas e uma ansiedade, por parte da população majoritária, de que a sua cultura seja ameaçada. Nos Estados Unidos, por exemplo, há uma expressão forte, pública e política, de xenofobia, o que gera reflexos na sociedade, especialmente em comunidades latinas do país. Ao comparar as realidades do Brasil e dos Estados Unidos, a experiência brasileira tem muito a ensinar à sociedade americana.
“O sistema de cotas nos EUA está sendo demolido por ação do Supremo Tribunal Federal, que se posiciona cada vez mais contra a aceitação de medidas que levem em conta raça, cor e idade no processo seletivo das universidades. A cota é um instrumento para a inclusão e dá oportunidade para os menos favorecidos”, analisa.
Para Dávila, programas como ProUni e Reuni, ambos promovidos pelo Ministério da Educação, ampliam o acesso e o crescimento das universidades públicas e privadas. “São oportunidades que trazem aos jovens a expectativa de que o ensino superior também fará parte da vida deles e de seus filhos. Em grande parte, os estudantes cotistas são os que mais se empenham, pois foi uma luta chegar onde estão”, diz.
O diretor ressalta que os últimos 25 anos trouxeram ganhos reais para quase todos os países da América Latina em termos de cidadania e respeito às diferenças em sociedade. Elogia também a Constituição brasileira. “Ela é altamente moderna, sofisticada e tem em seu DNA uma preocupação com os direitos humanos. Mas o acesso a esses direitos é ainda o grande desafio da sociedade brasileira.”
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