“Crise é reflexo de desequilíbrios macroeconômicos gerados pelo governo”, diz o economista Ricardo Amorim
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 3,8% em 2015, a maior queda desde 1990. Segundo as previsões, o Brasil tem pela frente mais dois anos de retração, o que não acontecia desde a queda da Bolsa de Nova York, em 1929. Para o economista Ricardo Amorim, o agravamento da crise é reflexo de desequilíbrios macroeconômicos gerados durante o governo Dilma.
“Houve um estímulo exagerado de consumo e falta de investimento em produtividade, infraestrutura e educação. Muitas empresas deixaram de investir no Brasil e consumidores passaram a comprar fora do País, o que gerou a inflação e altas taxas de juros e desemprego”, explica. O momento é de mudanças, que, se bem aproveitadas, poderão render frutos positivos para a retomada do crescimento.
“O Brasil já passou por outras retrações econômicas e saiu mais forte de todas. Isso acontecerá novamente, mas o governo precisa ter coragem de cortar os gastos públicos e reduzir impostos.” O economista também atribui outros ganhos à crise. “Será que sem uma tensão da gravidade pela qual estamos passando haveria uma mudança jurídica tão significativa, como a decisão do Supremo Tribunal Federal de que quem for condenado em segunda instância vai para a cadeia? Dava para imaginar que o presidente mais popular que o País já teve [Lula] desde a redemocratização fosse obrigado a depor? Acho difícil que isso acontecesse em outra época”, comenta o especialista.
Questionado sobre o fim da crise econômica, Amorim é enfático. “É difícil mencionar porque ela está intimamente relacionada à crise política.”
ENTREVISTADOS

CONTEÚDOS RELACIONADOS

Brasil encontra dificuldade para gerar receita acima dos gastos
Para Silvia Matos, do ‘Boletim Macro IBRE’, País está no negativo há mais de dez anos
ver em detalhes
Brasil e mundo vivem uma nova era geopolítica e tecnológica
De acordo com o cientista político Carlos Melo, a reorganização das forças globais deu origem a uma nova era “pós-Ocidente”
ver em detalhes
Na reforma do Estado brasileiro, foco deve estar no cidadão e no controle de gastos
Segundo Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper, e Felipe Salto, sócio da Warren Investimentos, é preciso superar o modelo federativo, que se esgotou
ver em detalhes