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Economia e Negócios

Sem conhecimento científico, os recursos naturais não viram riqueza

Publicado em: 14 de novembro de 2025

MEDIAÇÃO

Mônica Sodré

EM POUCAS PALAVRAS...

O que você vai encontrar nesta entrevista?

  • Sobre os desafios econômicos e sociais da Amazônia, o professor Marco Antônio Silva Lima, da Uepa, lembra que a região abrange nove Estados brasileiros e é repleta de contextos sociais e econômicos diversos. Portanto, não se trata de um bloco homogêneo. “Existem, na verdade, economias amazônicas”, explica.
  • Em relação ao desenvolvimento econômico da região, o professor afirma que o País precisa avançar na produção e na aplicação de ciência no setor de minérios. “Esse conhecimento deve ser transformado em inovação, em capacidade de gerar produtos de alto valor agregado”, resume.
  • Na sua opinião, dentre os maiores desafios atuais da Amazônia, destaca-se o avanço da informalidade no mercado de trabalho — que chega a 60% no Estado paraense — e do crime organizado, principalmente em atividades como a grilagem e o garimpo ilegal.

As capacidades científica e tecnológica de um país podem agregar valor aos bens naturais e transformá-los, de fato, em riquezas. É o que explica Marco Antônio Silva Lima, doutor em Desenvolvimento Socioambiental e professor na Universidade do Estado do Pará (Uepa).

“Nós não produzimos o aço no Pará, apesar de termos a maior província de minério de ferro do mundo. Não temos capacidade tecnológica de transformar o minério em aço, nem em produtos acabados”, diz o professor, em entrevista à Revista Problemas Brasileiros e ao Canal UM BRASIL — ambas realizações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).  

Na sua opinião, o País precisa avançar na produção e na aplicação da ciência, principalmente nesse setor. “Esse conhecimento deve ser transformado em inovação, em capacidade de gerar produtos de alto valor agregado”, resume. 

A conversa, que abordou os desafios econômicos e sociais da Amazônia, foi gravada em Belém do Pará, no evento Encontros COP30 | Clima, Impacto & Mercado, uma realização da Problemas Brasileiros e da FecomercioSP, em parceria com a Casa Balaio, que contou com os apoios da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e do UM BRASIL.

Não existe uma única economia amazônica

  • Diversidade. Abrangendo nove Estados brasileiros, a Amazônia é repleta de contextos sociais e econômicos diferentes entre si. Portanto, a sua economia não é um bloco homogêneo. “Existem, na verdade, economias amazônicas”, explica o professor. 
  • Realidades opostas. “Inclusive, dentro de cada Estado, temos regiões com perfis completamente diferentes. Se compararmos os dois maiores, por exemplo, Pará e Amazonas — as duas maiores economias —, veremos que uma é o contrário da outra”, explica. 
  • Derrubando estereótipos. Enquanto o Amazonas é industrializado, com a maior parte da população vivendo na região metropolitana de Manaus, onde há um polo industrial bem dinâmico, o Pará é primário e exportador, uma economia voltada para a exportação de minérios e de produtos agropecuários. “O Amazonas importa. O Pará exporta”, resume Lima. 

Informalidade ainda é regra em muitas regiões 

  • Fora do mercado formal. Hoje, mais da metade da mão de obra do Pará — cerca de 60% — é informal, em especial nos setores do Comércio e dos Serviços, que também são os maiores empregadores do Estado. “O setor terciário tem baixa intensidade tecnológica. São atividades realizadas de forma ainda bastante precária. A maioria desses empregadores não assina carteira, não garante direitos trabalhistas”, explica o professor. 
  • Os impasses de cada região. “Se eu falar de Carajás, que é a região mineradora, o porcentual de informalidade cai para cerca de 40%. Se falar da Ilha de Marajó, sobe para mais de 90%”, observa Lima. “Lá, só atuam como empregadores formais algumas atividades comerciais e o setor público. O resto é desenvolvido na informalidade.” 

Crime avança sobre o garimpo ilegal 

  • Novas fronteiras. No Estado do Pará, o crime organizado já vem assumindo o controle de atividades como a grilagem, a ocupação ilegal de terras e, principalmente, os garimpos ilegais, assim como aconteceu em Roraima, explica o professor. 
  • Poder paralelo. “Além da precariedade das condições de vida das pessoas nesses territórios, tem também a questão da insegurança, porque não há a presença do Estado como garantidor de direitos, de acessos à educação, à saúde e à segurança”, observa.
  • Troca de papéis. Nesse cenário, diversas atividades de caráter regulatório, que pertencem ao Estado, passam a ser assumidas pelo crime. “Mal comparando, é como aquilo que acontece nas comunidades do Rio de Janeiro, onde o tráfico toma conta. Até porque esses grupos criminosos vieram do tráfico de drogas”, explica. 

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