Em meio às dinâmicas migratórias de um país que já soma mais de 1 milhão de estrangeiros residentes, David Justino, ex-ministro da Educação de Portugal, entende a escola como um espaço para a descoberta da diversidade.
“O que está a chegar, hoje, ao sistema de ensino é uma multiculturalidade, uma diversidade de origens, com características religiosas e linguísticas completamente diferentes. Esse é um dos grandes desafios: vamos ter de adaptar o sistema de ensino”, explica o professor catedrático da Universidade de Lisboa, em entrevista à Revista Problemas Brasileiros e ao Canal UM BRASIL — realizações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Ao desafio do multiculturalismo, soma-se mais um: o das novas tecnologias. O dilema envolve o uso de celulares na sala de aula; a digitalização de textos, livros e manuais escolares; e a utilização do computador e da Inteligência Artificial.
Na conversa ilustrada pela charge de Adão Iturrusgarai (@adaoiturrusgarai), Justino explica que as reações iniciais da escola frente às novas tecnologias costumam ser de rejeição ou de adoção acrítica, sem qualquer adaptação ou reflexão.
Diferentemente dessas posições, está a “pedagogia do digital”, defendida por Justino. “É um instrumento para que os alunos aprendam mais e melhor. Tem de se experimentar. Não podemos rejeitar ou nos tornarmos meros utilizadores”, explica.
Para ele, ao contrário de oferecer uma formação orientada para o consumo das tecnologias, a escola deve capacitar os alunos para uma reflexão sobre como essas ferramentas podem servir para “fins próprios” e para “objetivos que sejam claramente delineados”.
“Se não for assim, seremos escravos das tecnologias. E é isso que nós não queremos, porque, assim, perdemos a liberdade”, ressalta o professor.