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“É impossível ter um País melhor sem diminuir a corrupção”, diz Deltan Dallagnol

DEBATEDORES | Deltan Dallagnol

O caminho para o desenvolvimento do Brasil passa pelo combate à corrupção. E se o País não for capaz de reduzir o nível de corrupção, dificilmente avançará social e economicamente. É o que diz o procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol.

“Todos nós queremos um País melhor, mas é impossível alcançarmos um País melhor sem diminuirmos os índices de corrupção. Estudos internacionais mostram que quanto maior é o nível de corrupção, menor é o índice de desenvolvimento econômico e social. E o contrário é verdadeiro: quanto menos corrupção, melhor estará desenvolvido o país social e economicamente”, afirma Dallagnol em entrevista ao UM BRASIL.

De acordo com ele, a corrupção está enraizada na história brasileira e a Lava Jato conseguiu tornar a sociedade consciente desse problema. “A corrupção não é problema de um partido A ou de um partido B, de um governo A ou de um governo B. É uma situação enraizada historicamente e que hoje, infelizmente, abraça vários órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Toda a energia que a Lava Jato gerou, o diagnóstico que ela fez mostrando um monstro em carne e osso diante dos nossos olhos, nos traz o momento em que as pessoas estão conscientes sobre esse problema”, diz Dallagnol.

Segundo o procurador da República, o nível de corrupção no País é alto em função de características do sistema político e de que 97% dos casos comprovados de corrupção terminam impunes na Justiça. Diante disso, o País não pode perder a oportunidade que tem para mudar, sob o risco de que mecanismos que dificultem o combate à corrupção sejam introduzidos por aqueles que temem ser punidos.

“Se nós não mudarmos agora, nós talvez nunca mais mudaremos. E nós precisamos, para isso, ir além da Lava Jato”, afirma o coordenador da operação. Dallagnol relaciona a desfiguração na Câmara dos Deputados da proposta de dez medidas de combate à corrupção encaminhada pelo Ministério Público Federal ao fim da Operação Mãos Limpas, realizada na Itália na década de 1990, que também investigava pagamento de propinas para, entre outras finalidades, financiar campanhas eleitorais.

De acordo com ele, quando parte da população italiana pensou que houvesse abuso de autoridade na operação, o parlamento do país aprovou medidas que dificultaram o combate à corrupção. No Brasil, atualmente tem sido debatido um projeto de lei exatamente sobre abuso de autoridade.

“Quando me perguntam sobre a perspectiva de futuro, digo que o futuro é incerto, porque tem um elemento que ninguém controla, que é como a sociedade vai se posicionar diante de tentativas de esvaziar a Lava Jato. É sempre melhor aprendermos com os erros alheios do que com os nossos”, afirma Dallagnol, em referência ao desfecho da operação italiana.

A entrevista faz parte da série “Diálogos que Conectam”, realizada pelo UM BRASIL em parceria com a Brazil Conference – evento realizado anualmente por alunos brasileiros da Harvard University e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.

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