Impactos da polarização política são debatidos no “BRASA em Casa: O Brasil no Divã”
Jovens engajados levaram neste sábado (13) para o divã as complexidades, vulnerabilidades e incertezas com relação ao País. Na busca por um direcionamento, eles debateram durante a realização do “BRASA em Casa: O Brasil no Divã”, junto com lideranças e especialistas, qual o melhor caminho a tomar. Organizado pela Brazilian Student Association (BRASA), a maior associação de brasileiros que estudam no exterior, em correalização com UM BRASIL e a FecomercioSP, o evento contou ainda com representantes de organizações públicas e privadas.
No UM BRASIL: GPS Político Brasileiro, um dos painéis de destaque o evento, o jornalista Fabio Zanini e o economista Joel Pinheiro identificaram a polarização como um comportamento que impede o avanço do debate construtivo no País. “Pensar igual estagna o conhecimento. A polarização é nociva quando gera ‘gritaria’. Acho que nesse aspecto, nós fracassamos”, detalhou Zanini.
Na avaliação de Pinheiro, a polarização é um fenômeno global – e não apenas brasileiro – que coloca em perigo o debate racional que permite o avanço de ideias. “O problema não está na divergência e, sim, quando um lado enxerga o outro como um grupo ilegítimo, um inimigo”, explicou.
Joel Pinheiro acredita que a polarização impede o avanço do debate construtivo no País
(Fotógrafo: Ciete Silvério)
Para a escritora e mestre em Letras pela PUC-Rio, Antonia Pellegrino, a polarização reflete na forma como as pessoas pensam o futuro do País. Ela diz ser essencial olhar para temas em debate nas redes e no Congresso, principalmente aqueles que estão além de uma polêmica semanal, para entender como esses assuntos impactam na vida das pessoas. “Quem me lê é minha bolha. A polarização produz um certo desinteresse pelo que outras bolhas estão falando e a gente precisa romper isso e ir atrás de coisas que não conhece”, esclareceu.
Antonia Pellegrino fala que polarização causa desinteresse por temas diversos
(Fotógrafo: Ciete Silvério)
Essa polarização entre conservadorismo cultural e a confluência com uma agenda liberal deu destaque nas últimas eleições a uma direita que não era evidente há cerca de 5 anos. Embora essa discussão domine as redes sociais, os palestrantes acreditam ser importante ter em mente que o conteúdo disseminado nas redes não representa o mundo real, onde as ideias convergem e os debates são mais complexos.
Identidade nacional
Um dos temas complexos e que foi debatido no painel Brasis no Divã é a identidade nacional, no qual participou a liderança Mundurucu, Alessandra Korap. Em sua fala, ela levantou as dificuldades que os indígenas têm de serem respeitados e como esses povos são colocados à margem da população.
“A democracia sempre foi uma farsa para nós porque nunca fomos consultados sobre a construção de usinas hidrelétricas. Por isso os índios bloqueiam rodovias pedindo demarcação de terras. É uma das maneiras encontradas para que a voz indígena seja ouvida.”
O doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Silvio de Almeida, concorda que o Brasil não consegue estabelecer uma estrutura democrática que abarque todos e relaciona a questão racial com a economia. “Discutir questão racial não é apenas falar de determinadas populações, mas do que significa ter um País viável. Não dá para debater identidade sem falar de política e economia”, afirmou o autor do livro O que é o racismo estrutural?.
Em breve, UM BRASIL vai publicar uma série de entrevistas fruto dessa parceria do canal com a BRASA e a FecomercioSP.
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