O movimento negro é um movimento de heróis
ENTREVISTADOS
MEDIAÇÃO
A necessidade de ampliar os próprios horizontes fez com que José Vicente enfrentasse uma constante luta contra o racismo e a discriminação contra os negros no País. Em entrevista ao UM BRASIL, o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares conta a trajetória do jovem que saiu de Marília, no centro-oeste de São Paulo, para trabalhar e estudar na capital paulista.
Em conversa com Leandro Beguoci, José Vicente relembra um momento marcante, quando cursava a faculdade de Direito. Na ocasião, houve uma discussão de que ele não poderia integrar a chapa do diretório acadêmico por ser negro. Depois da situação, ele passou a analisar diversas situações do passado e percebeu que não tinha se dado conta desse tipo de preconceito.
“Eu pude me deparar com algumas circunstâncias que me fizeram acordar, abrir os olhos e descobrir que havia alguma coisa diferente que eu não tinha notado na minha trajetória e que, agora, mereceria alguma atenção especial, e foi ali que me descobri pela primeira vez como um jovem negro”, relata.
O fundador e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares critica o posicionamento da sociedade em relação ao tema e diz que a maioria das pessoas prefere negar a existência do problema ou afirmar que, se ele existe, é tão fragmentado que não produz malefício nenhum.
“O movimento negro de hoje é um movimento de heróis, de guerreiros, sobreviventes que lutam uma luta justa, mas que, na maioria das vezes, é uma luta solitária contra tudo e contra todos”, afirma José Vicente.
A universidade foi inaugurada em 2003 justamente com o objetivo de empoderar os negros para que eles possam mudar suas histórias. A instituição oferece, segundo Vicente, mecanismos para que esses jovens combatam o preconceito.
“Precisamos de um espaço em que possamos conscientizar as pessoas e adverti-las dessa maquinaria de moer gente que são o racismo e a discriminação no mundo todo, mas que ocorrem de uma forma muito definitiva no Brasil. Se a gente não ensinar as pessoas a identificar e a se armar para combater isso, elas serão vítimas de um processo em que, na maioria das vezes, terão poucas possibilidades de poder fazer um bom combate.”

ENTREVISTADOS
CONTEÚDOS RELACIONADOS
Entrevista
Os legados histórico e cultural de D. Pedro II
Historiador Leandro Garcia comenta relação do imperador com a literatura e critica atraso no processo de abolição
ver em detalhes
Economia e Negócios
A Amazônia brasileira é um celeiro de soluções e empresas inovadoras
Ilana Minev, presidente do Conselho de Administração da Bemol, fala sobre as oportunidades de empreendedorismo no Norte do País
ver em detalhes
Sociedade
A crise climática virou um problema da comunicação
Em evento realizado na Casa Balaio, em Belém, especialistas falam sobre como usar narrativas de impacto para engajar a sociedade
ver em detalhes