Uma relação próxima entre Estado e setor privado, envolvendo incentivos e subsídios, tem que ser administrada pelo governo obedecendo a critérios, para que sejam evitados casos de corrupção entre as partes. Assim interpreta o professor do Insper Sérgio Lazzarini.
Em entrevista ao UM BRASIL, em parceria com o Infomoney, o PhD em Administração (nas áreas de Organização e Estratégia) pela John M. Olin School of Business, da Universidade de Washington, diz que o governo brasileiro falhou nessa relação com o setor privado nos últimos anos, como se vê nas investigações conduzidas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
“Tem que ter um setor público muito competente que saiba dialogar com o setor privado, mas com critérios. Se vai abrir concessão, parceria público-privada, empréstimo pelo BNDES, tem que ter pessoas que saibam conversar com o mercado”, afirma Lazzarini.
“O diabo é que essas relações podem ficar disfuncionais. Por isso, tem que colocar critérios”, completa o professor. Lazzarini diz que parte dos grandes empresários e dos políticos mantém relação próxima porque o governo é uma fonte de dinheiro.
“O empresário sabe que tem benefícios [nessa relação]. O governo tem uma torneira aberta. Assim, o empresário se conecta ao sistema político”, diz o professor do Insper. De acordo com ele, a Lava Jato, responsável por evidenciar os casos de corrupção envolvendo políticos e empresários, deve se tornar tendência no País, uma vez que possui apoio popular.
“O que me preocupa em particular é que precisamos fazer reajustes dos benefícios. Diversos benefícios têm que ser cortados ou reduzidos. Não sei se vamos conseguir encampar as reformas, dada a sensação de as pessoas se sentirem lesadas há tanto tempo [pelos políticos]”, diz Lazzarini.