Ao ignorar desigualdade, só se atribui fracasso a aluno ou professor
ENTREVISTADOS
O Brasil começou tarde em seu esforço para garantir que a educação seja um direito e que seja para todos, segundo a diretora da Fundação SM Brasil, Maria do Pilar Lacerda. “Entre o fim do século 20 e início do 21, o Brasil passou a fazer isso, mas é algo que muitos países da América Latina, e outros da América como um todo, já faziam desde os séculos 18 e 19 e durante todo o século 20”, pontua a professora e especialista em gestão educacional em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP.
“Nós só passamos a ter um marco legal garantindo a educação como direito universal e indiscutível na Constituição de 1988, apesar de toda a luta de Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Cecília Meireles e de um grupo grande de intelectuais, desde o início do século 20”, comenta Pilar.
Ela ressalta que é essencial avaliar como chegamos a tal ponto a com base na perspectiva histórica de um país que foi escravocrata e que teve uma elite econômica que não foi necessariamente intelectual. “A escola pública recebe o resultado dessa história”, pontua. “[Sem que seja considerada a perspectiva histórica do Brasil], o debate sobre a importância da escola pública acaba caindo em um pensamento perigoso de que ‘quando a educação básica for boa, então, nossos problemas acabaram’. Não é bem assim”, afirma.
“Se a gente não entende a desigualdade brasileira, vamos responsabilizar, por todo o problema do fracasso, ou o aluno, ou o professor. Em países com enorme desigualdade de renda, como o nosso, isso é muito forte dentro da escola”, avalia.
Esse debate faz parte da série de entrevistas sobre educação realizadas pelo UM BRASIL e exibidas com exclusividade pelo Canal Futura desde abril de 2020.
Assista na íntegra! Inscreva-se no canal UM BRASIL.
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