“Quando há um Estado grande [interferindo] na economia, ele tem que ser eficiente”, explica o professor e especialista em história econômica brasileira da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), William Summerhill.
Em entrevista concedida ao UM BRASIL, em parceria com o Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, ele conversa com Thais Herédia sobre as diferenças entre instabilidade política e crise econômica, bem como sobre as eleições de 2018 e a eficiência das políticas públicas no País.
“O comportamento da economia tem a ver com a expectativa do mercado. A expectativa do mercado é de que as investigações sigam e a democracia permaneça estável”, explica o brasilianista sobre a melhora na economia e a queda da inflação, apesar da crise política e das denúncias envolvendo o presidente Michel Temer.
“Por enquanto, o mercado acha que a crise não vai atrapalhar por muito tempo, não teremos uma década perdida como a de 1980. A expectativa é de uma melhora no futuro”, afirma.
“É possível ter problemas na arena política e, ao mesmo tempo, ter crescimento econômico.” Sobre o crescente movimento de frustração com a política entre os brasileiros, ele reforça que é impossível saber ainda o que vai acontecer nas eleições. “Tudo deve estar em uma conversa com transparência. Democracia é ‘menos pior’ que todas as outras alternativas”, afirma o especialista.
Para ele, temos de aceitar o “barulho” que acontece, pois ele é parte do conflito democrático e da tentativa de melhorar a qualidade das políticas públicas. “Isso não necessariamente atrapalha a economia, inclusive melhora as expectativas”, justifica Summerhill. Entre as melhorias que ainda precisam ser feitas, ele cita a grande carga tributária que há no Brasil.
“A pequena e média empresa não tem como fugir do ‘custo Brasil’. São barreiras ao investimento sustentável e ao aumento do poder aquisitivo das pessoas”, observa. Sobre as reformas Trabalhista e da Previdência Social, o especialista opina que, apesar das mudanças, ainda há muito a ser feito. “Temos de fazer coisas que não são necessariamente importantes agora, mas serão no futuro. Educação, por exemplo: é preciso esperar uma geração para colher os resultados. E gerar um desenvolvimento sustentável no futuro”, diz o brasilianista.