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Educação e Cultura

Cuidar da primeira infância é o caminho para desenvolver o País

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Juliana Rangel Entrevistador(a)
Publicado em: 28 de março de 2025

ENTREVISTADOS

EM POUCAS PALAVRAS...

O que você vai encontrar nesta entrevista?

  • De acordo com Vera Cordeiro, médica e fundadora do Instituto Dara, cuidar da primeira infância de forma ampla e transversal é um dos caminhos para a redução das desigualdades no País.
  • A médica lembra que a Saúde é uma questão social. Isto é, está relacionada com questões amplas, como pobreza, acesso à educação, renda, condições de habitação e trabalho.
  • Vera ainda acredita que a participação e o interesse da sociedade na saúde brasileira é fundamental para garantir o acesso a direitos básicos e à cidadania.

Em um país onde 28 milhões de crianças e adolescentes vivem na pobreza, é preciso lançar um olhar especial para a primeira infância, defende a médica Vera Cordeiro.

fundadora do Instituto Dara, organização que busca promover o autossustento de famílias em vulnerabilidade oriundas de escolas públicas, unidades de saúde públicas e Centros de Referência de Assistência Social (Cras). “Se essas crianças todas vivem na pobreza, imagine a primeira infância, que é uma época de vínculo com a mãe, de aleitamento materno”, explica.

Vera defende que cuidar da primeira infância de forma ampla e transversal é um dos caminhos para a redução das desigualdades no País. 

Em entrevista ao Canal UM BRASIL e à Revista Problemas Brasileiros — ambas realizações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) —, Vera ainda fala sobre a importância do engajamento da sociedade civil na Saúde e, a partir da sua experiência à frente do Instituto Dara, a médica comenta a situação da filantropia no País. 

Um olhar sobre a primeira infância 

  • Maternidades. Em um país como o Brasil, marcado por desigualdades socioeconômicas, de gênero e de raça, muitas das mães que encaram jornadas duplas e triplas — e que precisam trabalhar o dia inteiro para garantir o sustento e, até mesmo, a sobrevivência da família — acabam não conseguindo criar o vínculo com os filhos na primeira infância, adverte Vera. Isso, segundo a médica, causa consequências para toda a sociedade, não só para a família. 
  • Período definidor. São os vínculos criados na primeira infância — período que vai do nascimento até os seis anos de idade — que contribuirão para a definição do futuro das crianças. “Quando a criança faz um vínculo afetivo, olho no olho, amamentando, ela está formando a parte psíquica dela para se tornar um adulto estável emocionalmente, produtivo, que vai contribuir para a sociedade”, completa.
  • Reflexos. A médica ainda lembra que a desigualdade e a pobreza têm reflexos diretos na vida das crianças e pode levar a uma primeira infância marcada por maus-tratos, desnutrição, violência doméstica e feminicídio. Sendo assim, cuidar da primeira infância de forma ampla e transversal é um dos caminhos para a redução das desigualdades no País.

A Saúde é uma questão social

  • Transversalidades. No Brasil e no mundo, a Saúde não é uma área isolada, mas transversal. Por isso, trata-se também de uma questão social e coletiva. Vera traz exemplos para mostrar que, muitas vezes, uma doença pode ser só ”a ponta do iceberg”.
  • Determinantes sociais. A médica lembra que, por trás da doença de uma criança, podem existir fatores como infiltrações em casa, falta de acesso a uma alimentação saudável e até mesmo a depressão materna.. “Em outras palavras, o ato médico não se completa”, explica. “Não é falta de recursos. O problema é que a medicina tradicional não leva em consideração os determinantes sociais do adoecer”, explica.

Engajamento e filantropia no Brasil

  • Cidadania. Vera defende que a participação e o interesse da sociedade na Saúde brasileira é fundamental — e ajuda a garantir direitos básicos e cidadania. Mas, ao mesmo tempo, falta um engajamento maior dos cidadãos e cidadãs, seja para cobrar ações do Poder Público, seja para se voluntariar em organizações e movimentos. 
  • Questão cultural. Para a médica, a cultura da filantropia no Brasil ainda precisa evoluir. “Não sou apaixonada por todos os valores dos Estados Unidos, mas lá, em muitas cidades, em cada quarteirão tem uma organização social”, compara. “Em Seattle, por exemplo, se você é muito rico, você investe. Se você é acadêmico, você faz parte do conselho da organização. Se você não é nem uma coisa, nem outra, você é voluntário”, completa.
  • Desafios. No Brasil, afirma Vera, só se é cidadão na hora de votar. Segundo ela, a questão da doação é o grande entrave para que organizações continuem mantendo a qualidade e expandindo os trabalhos no País e no mundo. “O próprio [Instituto] Dara, tão reconhecido… Só no Brasil, nós atendemos diretamente mais de 100 mil pessoas, e no mundo, em torno de 1 milhão, por meio de outros empreendedores que aprenderam com a gente. Mas por que lá no exterior, principalmente na parte Norte do planeta, e não no Sul, que é bem mais desfavorável, né?!”, questiona. 

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