Criatividade e imaginação são as principais fontes de riqueza no mundo atual
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Elemento basilar de atividades artísticas, a criatividade também está presente em setores como os de mídia, cultura e design. Juntos, inclusive, formam o que é chamado de “economia criativa”, cujo principal recurso produtivo independe de plantas fabris e investimentos financeiros abundantes, residindo em um lugar comum a todos os humanos: o cérebro. Além disso, para além da função social, o setor criativo se tornou, no mundo atual, fonte de riqueza e prosperidade econômica.
É o que diz John Howkins, consultor e autor do livro Economia criativa, obra responsável por sedimentar conceitos de criatividade e imaginação, entre outros componentes subjetivos, como fatores de produção.
“Tudo começa com alguém tendo uma visão de mundo e querendo fazer alguma coisa melhor e diferente”, aponta Howkins, em entrevista ao UM BRASIL, uma realização da FecomercioSP. “Existe um elemento transcendental na criatividade, não dá para obtê-lo em um produtor repetitivo em massa. É o recurso bruto da economia criativa”, complementa.
Além disso, Howkins destaca que o setor rompe com concepções dominantes a respeito do trabalho produtivo.
“Terra, trabalho e capital – este é o mantra das economias convencionais. Mas, agora, o que está acontecendo é que o principal ativo, e principal fonte de riqueza na economia, é a imaginação individual”, avalia o escritor.
“É claro que precisamos de terra, isso é obrigatório. Precisamos de pessoas [trabalho] e de um pouco de dinheiro [capital] de vez em quando. Contudo, estes não são os recursos primários. Antigamente, se você era dono de terra, você era rico e possuía status. Já não é mais assim”, acrescenta.
Howkins conta que as ideias sobre economia criativa começaram a surgir nas décadas de 1980 e 1990. No entanto, só no século 21 que as atividades passaram a ser vistas como um mercado.
“Há uma consciência global de que este setor criativo, que usa talento e imaginação, não é apenas muito interessante para as pessoas envolvidas, mas também importante artística e culturalmente – e é um negócio real”, pontua.
Com base em suas observações, o especialista afirma que um fator que diferencia o processo criativo de um emprego tradicional é o prazer em realizá-lo, de modo que, sem legítimo interesse por parte do autor, o produto não obterá sucesso.
“Se alguém quiser ser criativo, enfrentará desastres e mais desastres. Faz parte do negócio. Há mais falhas na economia criativa do que em qualquer outra economia. É duro. Geralmente, as pessoas acham que é a opção mais fácil. E eu sempre respondo: ‘Na verdade, é mais difícil do que qualquer outra coisa’”, salienta.
Ademais, com a proliferação de equipamentos constituídos de Inteligência Artificial (IA) – capazes de, entre outras atividades, ler, jogar xadrez, escrever poemas e compor canções –, Howkins aponta que a área fundamentada na criatividade, com seres humanos de um lado e máquinas de outro, se tornará um campo de batalha nas próximas décadas.
“Será tão influente no futuro do trabalho quanto a robótica em armazéns, que é o que mais preocupa a maioria neste momento: que as máquinas substituam os humanos. E elas farão isso em grande medida. Isso já está acontecendo e é muito clara a maneira como o software substitui a imaginação humana”, afirma.
Assista à entrevista na íntegra e se inscreva no Canal UM BRASIL!
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