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Economia e Negócios

“Apesar de mudanças, estrutura da democracia brasileira continua intacta”, diz Matthew Taylor

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Nos últimos anos, a Operação Lava Jato e a mudança na condução da economia do Brasil impactaram a relação do Estado com o setor privado e o comportamento dos políticos. Contudo, os problemas estruturais da democracia do País permanecem, de acordo com o professor de Ciência Política da American University, Matthew Taylor.

Em entrevista ao UM BRASIL, Taylor diz que, embora o País esteja passando por mudanças e reformas, há três pilares da democracia brasileira que não foram removidos: o presidencialismo de coalizão, comandado, sobretudo, pelo PMDB; o capitalismo de Estado, em que o setor público tem um papel proeminente na economia; e a impunidade jurídica, que se refere à baixa taxa de punição a crimes de corrupção.

“Quando se juntam esses três pilares, digo que a estrutura ainda não mudou muito. Talvez venha a mudar, mas é um processo, como em qualquer país grande, que vai demorar muito tempo e que envolve muitos atores e jogadores com veto, que podem dificultar a mudança. E será, necessariamente, uma mudança paulatina, incremental, com muita barganha entre os atores”, afirma Taylor.

Estudioso do País desde a década de 1990, Taylor diz que a relação próxima entre Estado e setor privado é uma prática presente há muitas décadas, com indícios de que tenha sido criada ainda nos anos 1950, e que se fortalece diante dos problemas do regime democrático.

“Essa prática envolve os três pilares que mencionei: o presidencialismo de coalizão, o capitalismo de Estado e a impunidade jurídica. Isso possibilita o conluio de grandes empresas junto com atores muito importantes no cenário político”, explica o professor da American University. Para Taylor, embora a Lava Jato cause um choque nesse sistema, a impunidade segue no País em função de que o Judiciário não consegue dar vazão ao número de processos.

“O Judiciário atraiu um número enorme de petições. O número de processos foi aumentando de forma exponencial ao longo dos últimos 25 anos. O problema é que o Judiciário tem tido enorme dificuldade para baixar as taxas de congestão: o número de processos antigos que permanecem sem resolução é em torno de 70% na Justiça Federal”, afirma.

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