A Economia Mundial em 2025: A Valsa que não está sendo dançada

“A economia não funciona como dançar valsa, dois pra lá, dois pra cá.”
Essa frase, carregada de ironia e sabedoria popular, sintetiza com precisão o momento atual da economia global. Em vez de seguir um ritmo previsível e harmônico, como numa valsa bem ensaiada, o cenário econômico internacional se assemelha mais a uma dança improvisada, cheia de tropeços, reviravoltas e passos inesperados.
Em 2025, o mundo vive uma confluência de desafios e transformações que exigem dos gestores públicos e privados uma capacidade de adaptação sem precedentes. Segundo o Banco Mundial, o crescimento global previsto é de apenas 2,3%, uma queda significativa em relação às projeções anteriores. As economias avançadas devem crescer apenas 1,2%, enquanto os países emergentes enfrentam obstáculos como baixa atração de investimentos, inflação persistente e fragilidades institucionais.
O FMI projeta um crescimento global um pouco mais otimista, de 3,3%, ainda abaixo da média histórica de 3,7% registrada entre 2000 e 2019. Essa diferença entre projeções reflete a incerteza que permeia os modelos econômicos atuais, diante de variáveis políticas, climáticas e tecnológicas cada vez mais voláteis.
As tensões comerciais continuam a ser um dos principais entraves ao crescimento. A guerra tarifária entre Estados Unidos e China, iniciada em 2018, ganhou novos contornos com o retorno de Donald Trump à presidência americana. Medidas protecionistas têm elevado os custos de produção global e fragmentado cadeias de suprimentos.
A Europa enfrenta uma recessão industrial, especialmente na Alemanha, cuja economia se contraiu pelo segundo ano consecutivo. A crise energética, provocada pela retirada do gás russo, somada à perda de competitividade e à queda nas importações chinesas, agrava esse cenário.
Como oportunidade de transformação, o principal motor é a tecnologia. Em 2025, a IA generativa, o blockchain, a computação quântica e a automação estão remodelando indústrias inteiras. O comércio eletrônico deve representar mais de 25% do varejo global, impulsionado por inovações como entregas via drones e inteligência preditiva.
Contudo, essa revolução tecnológica também traz desafios. Milhões de empregos tradicionais estão sob risco, exigindo políticas públicas voltadas à requalificação profissional. A desigualdade digital entre países desenvolvidos, emergentes e pobres pode se aprofundar, criando formas ainda mais perigosas de exclusão econômica.
A transição para uma economia sustentável deixou de ser uma opção ideológica para se tornar uma necessidade econômica e política. Investimentos em energia solar, eólica e hidrogênio verde estão em alta, com países como China, Brasil, EUA e Alemanha liderando essa corrida.
A economia mundial em 2025 não segue uma coreografia ensaiada, mas sim uma dança improvisada, onde cada país tenta encontrar seu ritmo em meio a desafios estruturais e oportunidades tecnológicas. A necessidade de adaptação é urgente, e a capacidade de inovar e cooperar será o diferencial entre os que tropeçam e os que conseguem dançar com elegância no salão global. A valsa pode não estar sendo dançada, mas o compasso da necessidade de mudança está tocando alto.
*Samuel de Jesus Monteiro de Barros é doutor em Administração, especialista em Finanças e Reitor do Ibmec Rio
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