Distorções na economia e desigualdade têm raízes na escravidão e na abolição
Ainda na atualidade, o País enfrenta distorções na economia e desigualdade social por causa do longo período escravocrata e pela forma como ocorreu o processo de abolição. Na análise do jornalista e escritor Jorge Caldeira, as distorções na economia brasileira foram criadas a partir do momento em que a escravidão foi mantida em detrimento do capitalismo.
Ele explica em uma das entrevistas do UM BRASIL que essa estagnação foi reflexo da chegada do capitalismo em diversos países do Ocidente, o que causou uma forte aceleração nessas economias. “O Brasil ficou fora disso porque quis manter a escravidão – que era a base do sistema legal. O título de propriedade do escravo era o título jurídico mais aceito como garantia no mercado financeiro. Todo o sistema legal e a organização institucional tinham que ser adequados a essa situação”, explica.
Se a escravidão impediu a aceleração da economia brasileira, a abolição reforçou desigualdades ao abandonar os ex-escravos à própria sorte. Embora o debate após a escravidão tenha sido focado em como os ex-senhores de escravos seriam compensados, nenhum dos dois lados foi plenamente atendido em suas questões.
“Os programas do movimento abolicionista que permitiriam incorporar essa população [ex-escravos] nas dinâmicas social, política e econômica nacional [de educação e de divisão de terra] ficam em suspenso por muitos anos, e vários dos problemas atuais têm relação com esse legado”, afirma a socióloga, pesquisadora e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e professora do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), Angela Alonso.
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