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“Quando a empresa quer se dedicar a exportar seriamente, deve fazer um esforço a médio e longo prazo”, afirma Deborah Stern Vieitas

DEBATEDORES | Deborah Vieitas

“Considero que o brasileiro é empreendedor, o que precisamos é melhorar as ferramentas para ele ser empreendedor com mais consistência”, defende Deborah Stern Vieitas, CEO da AMCHAM Brasil, Câmara Americana de Comércio. Em entrevista ao UM BRASIL, a executiva, que foi a primeira mulher a assumir a presidência da AMCHAM e já passou pela direção de grandes instituições financeiras, discute os atrativos do Brasil para investimento externo, desafios para empreendedores dentro e fora do País e as reformas propostas pelo governo brasileiro.

“O Brasil é, e sempre será, um País atrativo para investimentos”, defende Vieitas. “Nossa democracia tem passado por momentos de questionamento, que acredito que são saudáveis, porque nossas instituições têm demonstrado que são fortes”, explica.

Segundo ela, apesar das crises políticas enfrentadas pelo Brasil, nossa economia já apresenta indícios de melhora. “Entendo que se conseguirmos passar por momentos mais estáveis na política, essa melhora pode se transformar numa retomada de crescimento”, conclui. Segundo ela, as companhias brasileiras fizeram adequações importantes para enfrentar a crise. “As empresas foram tomando medidas para aumentar sua competitividade, seja por redução de custos ou encontrando novos mercados”, explica, sobre o período de crise.

“O descolamento entre política e economia não é absoluto, mas as empresas fizeram a lição de casa diante da crise, o que já as colocou em situação um pouco melhor”. Para Deborah, dados mostram que o Brasil, por suas características, se mantém como um investimento interessante para o capital internacional. “Nos últimos 12 meses, o Brasil recebeu US$ 84 bilhões de investimento direto estrangeiro. Essa soma é muito significativa e superior ao que vínhamos recebendo”.

Durante a entrevista, a executiva comenta também a importância das firmas se atentarem ao cumprimento das leis, tanto no mercado nacional quanto para se prepararem para exportar. “As empresas têm que olhar a legislação, estabelecer uma unidade interna que vai ser vigilante sobre o cumprimento da lei e, sobretudo, fazer treinamentos”, explica. O Brasil precisa, ainda, se aprimorar para aumentar seu potencial exportador: segundo a entrevistada, atualmente, temos pouco mais de 5 milhões de empresas atuando no País, e apenas 25 mil companhias exportadoras.

“O tecido de firmas que exporta para a Europa é basicamente constituído por empresas pequenas e médias. Isso mostra como não só as grandes empresas podem ser exportadoras, as PMEs, caso se preparem adequadamente, também poderão acessar outros mercados”, reforça. Segundo ela, para isso, as empresas devem cumprir alguns pré-requisitos: contar com profissionais que tenham domínio de línguas, fazer pesquisas sobre o comércio de seu produto e buscar as informações que não souberem em entidades especializadas.

“Quando a empresa quer se dedicar a exportar seriamente, esse tem que ser um esforço a médio e longo prazo”, justifica. Sobre as relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos, a entrevistada observa que, embora já exista um comércio relevante, ambos os países ainda têm um potencial a ser explorado. Segundo ela, o mercado americano guarda conosco uma proximidade cultural importante, além de possuir mais de 320 milhões de habitantes. E, ainda assim, o Brasil representa pouco mais de 1% do que os EUA importam do mundo.

“O Brasil representa 2% do PIB global, e nossas exportações são responsáveis por mais ou menos 1,2% do comércio mundial”, diz Deborah. “Vejo claramente que a capacidade do Brasil em exportações poderia ser muito maior”. Segundo ela, um dos pontos a melhorar no nosso País é a burocracia. O prazo para abertura de uma empresa no Brasil, por exemplo, é, em média, de 144 dias. Em outros países, como Portugal, é possível abrir uma empresa em um dia.

“O brasileiro, por sua grande capacidade de se adequar às mudanças frequentes que acontecem no País, tem um poder de adaptação grande”, observa, sobre o potencial de nossos profissionais. “Para ter sucesso atuando em outros mercados, é necessário não só ter conhecimento da língua, mas da cultura desses países”.

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