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Brasil e Ásia: o caminho para uma integração inteligente

DEBATEDORES | Marcos Jank

O País precisa estar mais presente na Ásia, deixar de ter um setor comercial muito dependente das demandas chinesas e criar relações comerciais duradouras no continente que está protagonizando este século, avalia o engenheiro agrônomo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e professor sênior de Agronegócio Global no Insper, Marcos Jank.

Em entrevista ao canal UM BRASIL, o engenheiro, que morou durante 4 anos em Singapura, trabalhando em todo o continente asiático, explica como as relações bilaterais do nosso país com os asiáticos não podem ser apenas governamentais, mas também envolver empresas privadas, de modo que haja um número significativo de brasileiros vivendo lá, mas atuando com base em interesses comerciais nacionais. Na conversa, ele também analisa a importância da Ásia para a balança comercial do Brasil, bem como o caminho para que seja possível criar uma cadeia produtiva mais integrada entre ambos.

“É um mercado dinâmico. Hoje, das 12 maiores cadeias produtivas exportadoras brasileiras, em 10 a Ásia é prioridade”, conta. “Uma abertura comercial inteligente não é unilateral, que não irá produzir ganhos. Ela tem de ser seguida de um processo de negociação comercial, um anúncio de que o País irá se abrir para o mundo, mas ao mesmo tempo, buscar compensações”, diz.

Ele ressalta que uma maior interação entre empresas brasileiras e asiáticas pode dar um grande dinamismo para a pauta de exportações do Brasil. Jank explica ainda que essa necessidade de integração mundial é em razão da conjuntura econômica internacional, que está moldando as relações comerciais e colocando em destaque os players asiáticos com potencial tremendo, como Singapura – um dos mais desenvolvidos do mundo – e China, com expansão de sua presença global.

“Poucos são os países isolados hoje. A China era isolada, mas, hoje, é um imenso player em comércio. Toda abertura, todas as reformas da Ásia desde 1990 foram feitas olhando para as exportações; eles criaram uma grande indústria exportadora e competitiva no mundo. E nós criamos aqui um modelo de substituição de importações, até hoje, de baixíssimo dinamismo, de baixíssima produtividade. Nós temos de reverter isso”, avalia.

“É claro que as reformas têm uma sequência: o País precisa começar pela Previdência e pela Reforma Tributária, porque impactam no chamado ‘custo Brasil’, mas devemos caminhar com abertura comercial inteligente, que traga maior concorrência e competitividade aqui dentro, ao mesmo tempo em que ganhamos mercados lá fora, em processos de negociação de acordos comerciais, melhoria das relações bilaterais e presença no exterior”, conclui Jank.

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