As questões relevantes da economia estão todas expostas
ENTREVISTADOS
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“Estamos tendo a política afetando a economia de forma tão intensa que fica todo mundo parado. Fica difícil tentar prever o que pode ser aprovado [após as eleições]. De 2002 até aqui, não tivemos problemas de transição como agora”, avalia o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, sobre a influência do cenário eleitoral deste ano sobre a conjuntura econômica do Brasil.
Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o InfoMoney, o mestre em Economia pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e pela Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), diz que a economia vem sendo bem conduzida pelo atual governo, principalmente no que diz respeito à atuação do Banco Central no combate à inflação e à política de juros. Contudo, Vale enfatiza, na conversa com o editor-chefe do InfoMoney, Thiago Salomão, e com a jornalista Thaís Herédia, que o País vive um momento de incerteza política, o que pode pôr tudo a perder.
“A política pode estragar a festa como fez no passado”, comenta o economista. “Os recados estão dados. O sistema mostra que não se sustenta nos próximos anos, a regra do teto de gastos não se sustenta. Se elegermos um candidato disfuncional [avesso às reformas], a crise volta”, afirma Vale.
Exemplificando sua preocupação, Vale cita a taxa de câmbio, que subiu para a casa de R$ 3,50 recentemente. Segundo ele, a atual apreciação do dólar se deve mais à política dos Estados Unidos do que à incerteza no Brasil. Entretanto, no longo prazo, a taxa deve ser mais influenciada pelos rumos da política doméstica.
“Se elegermos um candidato que despreze as reformas, o câmbio passa de R$ 4 por longe e seus efeitos chegam à inflação. O Banco Central precisa subir a taxa de juros. Talvez ainda precisemos de uma pernada de crise para fazer o que precisa ser feito”, diz o economista.
De acordo com o entrevistado, diferentemente de outras épocas, “as questões relevantes da economia estão todas expostas”. Ele ressalta que a Reforma da Previdência é a pauta principal de qualquer candidato que saia vitorioso na eleição presidencial deste ano, mesmo que o assunto não seja abordado na campanha.
“Hoje, não tem mais alternativa. Aposto que todos os congressistas sabem que precisam aprovar a Reforma da Previdência. Não adianta pedir para falar sobre isso agora, ano de eleição. Mas, no ano que vem, eles sabem que o assunto é imprescindível. Por isso a preocupação [do mercado]”, conclui.
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