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Ciência e Saúde

set 25, 2019

Saúde pública: o sistema brasileiro passado a limpo

A ampla cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS), que atende 75% da população, expõe deficiências complexas que merecem um debate contínuo de pessoas que pensam o Brasil e a qualidade dos serviços públicos. Durante os cinco anos da plataforma UM BRASIL, renomados entrevistados analisaram os problemas e as vitórias dessa área no País.

Em uma das conversas, o professor de Ciências Políticas da Universidade de Rutgers, Robert Kaufman, afirma que o grande desafio é encontrar alguma forma de tornar os serviços públicos aceitáveis. “O Brasil não está conseguindo fazer isso. Por esse motivo, a classe média optou por ficar fora do sistema público”, enfatiza.

Na análise da atual da secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e também professora do Centro de Liderança Pública (CLP), Patrícia Ellen, a saúde avançou nas últimas décadas, mas a sobrecarga de demanda no sistema faz com que o nível do serviço esteja longe do considerado “razoável”.

Para ela, o caminho para desafogar e tornar o sistema de saúde eficiente passa por integrar dados sobre os pacientes por meio do Big Data. “A tecnologia pode fazer saúde de qualidade chegar a todos de forma inteligente. Em geral, as iniciativas para integrar dados ainda são parciais e dizem respeito a recortes específicos do sistema que estão sob a responsabilidade de uma gestão ou a alguma necessidade específica, como a que houve com o vírus da zika”, diz.

O superintendente da Rede de Hospitais Afiliados da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Nacime Mansur, acrescenta que os problemas poderiam ser resolvidos (ou, ao menos, amenizados) caso as políticas dialogassem entre si.

“Existe a necessidade de entender a saúde por esse mecanismo intersetorial. Não dá para entender saúde de forma isolada, ou sendo feita pelo médico, pelo profissional de saúde. É um conceito mais amplo que envolve desde o próprio indivíduo até a sociedade como um todo”, afirma.

De acordo com a sua experiência, a médica sanitarista e professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Marília Louvison acredita que uma das ações benéficas à saúde e que devem continuar a ser realizadas é a expansão da Estratégia Saúde da Família (ESF).

“A ESP faz uma aposta no cuidado, mas, para isso, precisa da contratação de equipes de apoio como o Nasf [Núcleo de Apoio à Saúde da Família] e incluir uma equipe multiprofissional”, comenta.

Apesar das deficiências do sistema de saúde pública, o médico cancerologista Drauzio Varella destaca que o sistema é a maior revolução na história da medicina brasileira e cita como exemplos os programas de vacinação e de transplante de órgãos.

“Nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes ousou oferecer saúde gratuita para todos. É o maior projeto de saúde pública do mundo responsável pela maior distribuição de renda já existente no País. O Bolsa Família é brincadeira perto do SUS. A quantidade de gente que se beneficia do SUS é superior à das pessoas que recebem o Bolsa Família. Esse aspecto da distribuição de renda ninguém discute”, enfatiza.

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